Darshans



Devoção Sem Mesclas

Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj


Srila Guru Maharaj


Srila Guru Maharaj Dejó Principios muy Claros para su Sampradaya De los labios de loto de Gurudev, Srila Bhakti Sundar Govinda Dev Goswami Maharaj: “Recibí una carta que describe una sociedad que ha sido formada al mezclar muchos grupos Vaisnavas. Si la sociedad se formó en el modo descrito, claramente puedo ...decir que está en contra de los principios de Srila Guru Maharaj. Precisamente para evitar esto fue Srila Guru Maharaj estableció por separado el Sri Chaitanya Saraswat Math. Él se encontraba en la posición más elevada de toda la comunidad Vaisnava, pero nunca se unió a las Misiones de sus Hermanos Espirituales. Srila Guru Maharaj no deseaba ser desviado de su propia visión por ninguno de sus Hermanos Espirituales o de otros Gurus, por eso formó el Sri Chaitanya Saraswat Math. Aun más, Srila Saraswati Thakur le dio el cargo de la Sampradaya Rupanuga a Srila Guru Maharaj -eso está claro y todo el mundo lo sabe. Muchos Vaisnavas notables formaron grandes sociedades e invitaron a Srila Guru Maharaj para que se convirtiera en el Presidente de ellas. Por algún tiempo y en algunos casos él aceptó y les dijo: “Si esto va a ayudar a armonizar tu sociedad, puedes usar mi nombre”, pero él nunca regresó allí. Srila Guru Maharaj dejó principios muy claros para su Sampradaya: “Quien desee seguirme a mí y desee seguir mis directrices, puede unirse al Sri Chaitanya Saraswat Math y seguir a Govinda Maharaj; él es mi sucesor”. Él dio instrucciones muy claras en muchas ocasiones y de varias maneras, y todos lo saben. No deseo crear ningún caos o disturbio en nuestra comunidad Vaisnava. Cualquier calificación y posición que tengo, todo lo he recibido de Srila Guru Maharaj para su servicio y trataré de mantener eso. ¿Cuál es el significado de 'línea preceptorial'? La palabra 'preceptorial' significa que debe ser en un solo canal, no en varios canales. El Ganges no está fluyendo en diferentes canales -está fluyendo a través de un canal-, y quien desee agua del Ganges debe ir a ese canal. Cuando un canal deja el Ganges, esa ya no es agua del Ganges. El agua del Ganges está corriendo en el canal principal. Esta es la situación de nuestra línea preceptorial. Srila Guru Maharaj les dijo claramente a los devotos que él no continuaría sosteniendo el cargo de la línea preceptorial, y por ello le estaba dando ese cargo a Govinda Maharaj. Yo estoy tratando tanto como es posible. No deseo perturbar a nadie, ni tampoco a la Misión de nadie, pero quienquiera que en su búsqueda sincera venga a mí y quienquiera que sea mi amigo en la línea de Srila Guru Maharaj, yo anhelo la asociación de esas personas y quiero continuar de esa manera. Deseo practicar mi servicio con ellos. No quiero hacer una mezcolanza, por eso evito las propuestas de alguien que no está de un modo exclusivo con Srila Guru Maharaj. Deseo expresar la verdad claramente: No deseo perturbar la dedicación de nadie, por lo tanto, si alguien viene con otra propuesta le doy alguna excusa. Pero realmente esa excusa no es la razón, más bien no deseo mezclarme con el humor de otros. Algunas personas están haciendo sajayiya-sankirttan en su math, pero para mí no es posible hacer eso en el Sri Chaitanya Saraswat Math. Esa es la exclusividad de Srila Guru Maharaj en su servicio a la Sampradaya Rupanuga, y no puedo quebrantarla. Debo seguir las instrucciones de Srila Guru Maharaj; esa es mi humilde opinión”. (Extracto tomado de "El canal único del Sri Chaitanya Saraswat Math", una charla publicada en "Gaudiya Darshan", la revista oficial del SCSMath) Ver mais Por: Ecuador Seva Ashram .











Calendário de Ekadasi Indiano - SCSMath



Março 16 e 30


Abril 14 e 28

Maio 13 e 28
Junho 12 e 27
Julho11 e 26
Agosto 9 e 25
Setembro 8 e 23
Outubro 7 e 23
Novembro 6 e 21
Dezembro 6 e 21





























Do livro "A Dignidade do Servo Divino" por Sua Divina Graça Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj


Pergunta: Desejamos voltar ao nosso verdadeiro lar espiritual e, ainda que nos esforçamos, vemo-nos capturados pela busca da felicidade neste mundo. O que fazer?
Srila Govinda Maharaj: É tanto maravilhoso quanto essencial que, para voltarem ao Supremo, as almas condicionadas obtenham a misericórdia e as bênçãos de genuinos Vaishnavas. Vocês são almas extremamente afortunadas, porque receberam a misericórdia tanto de Srila Guru Maharaj quanto de Srila Swami Maharaj. Todas as almas condicionadas procuram achar a verdadeira felicidade,
mas vocês sabem que isso é impossível aqui neste mundo mundano. Toda felicidade, todo êxtase, toda alegria, e a a fonte da vitória estão vindo de Krishna e Krishna-loka. Nós, na verdade, somos membros desse mundo de serviço transcendental, mas, devido à má sorte e confusão, fomos capturados pela felicidade ilusória neste plano mundano. Mas Krishna é muito misericordioso e nos deu a oportunidade de voltar ao lar, através dos Mestres Divinos. É preciso plantar e cultivar o que recebemos deles, e isso acontece através do sadhana (a prática espiritual). Se seguirmos suas instruções, cantando os Santos Nomes do Senhor, lendo os livros sagrados, servindo os verdadeiros Vaishnavas santos, vivendo
sem cometer ofensas e mantendo nossas vidas com seu Prasadam,
retornaremos ao lar. Esse é o verdadeiro sadhana, e fico muito feliz se
estiverem tentando fazer isso.









Cinco Níveis de Conhecimento
Srila Bhakti Raksak Sridhar Dev-Goswami Maharaj

O conhecimento foi classificado como sendo de cinco tipos.

Pratyaksha O primeiro estágio é o tipo inferior de conhecimento adquirido através de nossa própria experiência sensorial –aquilo que experimentamos por meio de nossos sentidos.

Paroksha - O próximo estágio superior é o conhecimento que não experimentamos com nossos próprios sentidos, mas que foi reunido a partir da experiência de outros. É como acontece com os cientistas que têm suas experiências e, a partir de suas invenções e descobertas, reúne-se algum conhecimento.

Aparoksha - O terceiro estágio fica acima do estágio da experiência humana. É algo assim como um sono profundo. Quando estamos despertos, dizemos: “Dormi muito feliz; dormi um sono bom e profundo”. Mas, quando estamos num sono profundo e sem sonhos, não temos consciência desse estado. Quando retornamos de um sono profundo e sem sonhos, expressamos alguma percepção dessa experiência, mas é algo vago. Aparoksha é um tipo de experiência vaga e indistinta, onde o sujeito e o objeto material se unem, e o objeto material se funde no sujeito. Shankaracharya, o grande proponente do impersonalismo, explica a gradação de consciência até este ponto.
 
Adhokshaja - Por outro lado, o grande devoto erudito Ramanujacharya e outros Acharyas Vaishnavas compartilham a opinião de que existe um quarto estágio além deste. Esse plano é chamado de adhokshaja, que significa transcendental, ou aquilo que existe além do escopo dos sentidos físicos ou sutis. Esse é um plano que somente podemos experimentar quando, por sua doce vontade, ele descende até nosso plano de compreensão grosseiro. Caso se recolha, nada podemos fazer; não podemos encontrá-lo. Não podemos dizer que a Verdade Absoluta esteja sob o controle de nosso conhecimento. Não podemos medi-la desse modo. Ela é independente. Por sua doce vontade, pode descender, e seremos capazes de experimentar essa região superior, mas, se ela se retirar, nada poderemos fazer; não há nada que possamos fazer. Podemos chorar ou orar, mas não podemos entrar lá à força por meio de nosso próprio poder. Esse é o quarto plano de consciência, que é grandioso, todo-poderoso e todo-inspirador. Somente poderemos obter alguma experiência desse plano conhecido como Vaikuntha –a região espiritual ilimitada de deslumbramento e poder– se esse plano revelar a si mesmo. Esse é o planoadhokshaja.

Assim, existe pratyaksha, a experiência direta através da percepção dos sentidos, logo vem paroksha, o aprendizado através da experiência dos outros, então vem aparoksha, o plano negativo de consciência indistinta, e, por fim, a quarta dimensão: adhokshaja.

Estamos no subterrâneo. O verdadeiro conhecimento encontra-se acima, na superfície, além de nossa experiência. Se pudermos perfurar através das grossas coberturas que emparedam nossa experiência, poderemos entrar em conexão com outro plano de consciência: isso é adhokshajaAdho-katam indriya-jam jnañam: adhokshaja significa o conhecimento superior que pode forçar o declínio de nosso conhecimento da experiência deste mundo. Esse conhecimento transcendental e supramental é o quarto estágio do conhecimento. Esse plano é diferente em todos os aspectos. Não se assemelha a este mundo.

Aprakrita  - Contudo, através do Srimad-Bhagavatam e de Sri Chaitanya Mahaprabhu, viemos a saber da existência ainda de um quinto estágio de conhecimento que em muito se assemelha a este mundo mundano, mas que não é mundano. Chama-seaprakrita. Esse é o plano de Goloka: a concepção teísta plenamente desenvolvida que somente se encontra no domínio de Krishna. O conhecimento central do Absoluto deve ter conexão até mesmo com o nível inferior da criação mundana; deve ser capaz de harmonizar a pior posição encontrada no mundo ilusório. A isso se dá o nome de aprakrita, supra-mundano. Somente através do amor divino é possível ingressar nessa região superior. 






























O maior festival de todos os tempos
— Nabadwip, 10 de fevereiro de 2009 (e outros dias entre sevas).

Todas as Glórias a Sri Sri Guru Gauranga!

Queridos todos, 
Dandavat pranams (minhas reverências)!
Essa viagem a Nabadwip em tempos de Gaura Purnima me fez notar como eu sou frutinha e mimada, nas palavras do Felipe Praphulla. Em Calcutá estava toda preocupada em lidar e apaziguar minha necessidade de ter meu espaço, meu banheiro, coisas assim.
Constatei na India coisas engraçadas: desde como era estranho dormir numa cama de solteiro depois de anos numa de casal, mas sem me ressentir disso. Pensando apenas que talvez pudesse afastar a cama da parede para poder esparramar meus braços.
Ao mesmo tempo que não tive a oportunidade de dividir quarto com ninguém em Calcutá  e embora me desse alguma liberdade (verdade que só cheguei no quarto para dormir sempre depois das 9h30) mas também me deu alguma solidão de não ter com quem conversar. Aqui em Nabadwip, onde não tenho nem sequer um colchão de solteiro inteiro pra dormir, estou me divertindo tanto, parece pijama party sempre. Estamos em cinco mulheres num quarto dormindo em três colchões de solteiro no chão.
E é tão bom falar/ficar com as devotas e conversar de tanta coisa. Compartilhar experiências e histórias. E Ashapurna DD, Damayanti DD são mega fofas e humildes no último. Não dá nem pra descrever.

A Chandrinha continua na mesma, mas se encontrou mega aqui. Sevaita nata ela não para, e sendo simplista, o fato dela falar quatro idiomas faz com que ela já tenha um mega fã clube do mundo inteiro. Simplista por que é muito mais do que idioma. A Chandra é uma fofa, super carinhosa, sem falar que é um trator quando se fala em seva. A Nanda Pryia DD diz que ela rompe com a barreira do impossível.Encara o que muitos marmanjos tremem na base na hora de fazer. Está sofrendo de antecipação de ter que voltar, mas recebe tanto carinho de todos!

Parei de escrever porque a Damayanti  DD entrou no quarto e papeamos por 3 minutos. Eram 8h00 – hora da prasadam e ela veio rezar não deu 5 minutos e já ligaram pedindo pela presença dela. Que difícil é usar as vestes de Mahananda Prabhu e ela com toda sua timidez faz isso tão bem.

E sempre que fico sozinha minha mente tem sido minha pior associação.  Por isso acabo me associando com pessoas boas como a Ashapurna DD, fiz amizade com uma húngara Anukrsna DD - que tocou violino pra Srila Gurudeva na Vila Govinda e te conhece e Adjitaka DD (japonesa) e com a Chandra – que esta sempre cercada por todos.

Gaura Purnima foi incrível, de tirar energia do dedão do pé pra tentar “de leve” acompanhar o ritmo – tentar significa chegar no terceiro dia do parikrama (peregrinação), fazer, sei lá, pelo menos ¼ dele de riksaw, a parte que andei sempre de chinelo e fazer algum seva ao invés de seguir a programação 100% e depois dessa coisa meia boca que foi minha participação acabar com uma gripe que acabou comigo. Nem bem deu tempo de ficar de cama, já tive que voltar a Kolkata e cá estou.

Os parikramas foram incríveis, muita, muita, muita mas muuuuuuita gente caminhando por quilômetros – os indianos todos descalços, mesmo no sol do meio dia. Brasileiros corajosos como o Sripad BVTivikram Maharaj, Chandra Mukhi DD e Ragamoiy DD também.

E todos, sem exceção, cantando as glórias de Mahaprabhu sem parar. Passamos por estradas, ruas comerciais, vilarejos, campos de críquete, árvores gigantes e verdes, locais onde o senhor Gauranga nasceu e teve muitos de seus passatempos há mais de 500 anos. Cada local virou um templo por ser tão sagrado e em cada um destes templos Sripad Asharam Maharaj, Sripad Tirtha Maharaj e Sripad Janardhan Maharaj deram aulas em bengali, inglês e espanhol. Sendo 100% honesta o sistema de som era sempre sofrível e os bengalis sempre falavam nas partes em inglês então foi muito difícil entender o que era o que. Quando perguntei a Sripad BVTrivikram Maharaj se ele poderia dar uma explicação em português, ele aconselhou a ler o livro Nabadwip – o que pretendo fazer tão logo o festival acabe e os convidados retornem a seus lares.

Mas difícil tirar a euforia de passar dois dias cantando por mais de 9 horas todos esses lugares e ser recebido pelas crianças e adultos com “Hare Krsna” e sorrisos. Nos vilarejos, nas paradas de prasadam (comidinhas) – sempre fomos recebidos para usar os banheiros, beber água. Povo realmente incrível e altruísta.

Numa das paradas algo incrível aconteceu: estávamos no Templo esperando para começar a aula, enquanto devotos de outra missão estavam pra sair.

Como estava sol e muuuuito quente resolvi esperar com Anukrisna em baixo de uma cobertura – tipo um coreto. Estávamos sentadinhas conversando de repente escuto um ruído estranho... Olho ao redor, sinto um vento e algo diferente e, em alguns instantes, a chuva se anuncia! UAU! Chuva!?! Fora do mês de setembro!!!

Estava ainda admirando o fato quando uma luz vermelha acendeu dentro de mim. Com a sensação de alerta gritei para Anukrsna: “Levanta!!!” e corremos pra sair da beirada do coreto.

Em menos de 3 segundos indianos de todas as partes possíveis e imagináveis começaram a vir afobados em nossa direção em busca de abrigo da chuva. Não sei se levaríamos uns empurrões ou algo mais drástico, mas foi muito bom não pagar pra ver. Hare Krsna!

Depois da ultima prasadam os devotos se dividiram para retornar para casa. Chandra DD, Prapanna Prabhu, Bimala DD, a Anukrsna DD da Hungria e eu ficamos com o grupo dos russos que estava com Sripad Madhava Maharaj e com o Dr. Jai Kumar Prabhu.

A negociação dos riksaws não foi muito boa então voltamos a pé sem carro de som e conversando. Pedi a Sripad Madhava Maharaj que liderasse uma vez mais o Harinama. Ele sorrindo começou a cantar. Aliás ele em Harinama é tão figura, parece uma miss desfilando, acena para todos os lados, super sorriso, mexe com a platéia. E cantamos, na raspa do tacho do nosso fôlego.

Esperamos pelo ônibus, cantando e incrivelmente (meeeeeeesmo) não paramos de cantar.  Enquanto vários indianos saiam de suas casas para ver o que estava rolando.

Subimos no ônibus tão animados e seguimos com dois kirtans diferentes no teto do busão.

Chegando perto do templo, voltamos cantando e ao voltar ao Natmandir ficamos dançando e cantando. Todos os indianos e devotos que estavam por lá se animaram e se uniram a nós. Em poucos instantes Sadhu Pryia veio com a mridanga, mais devotos chegaram com kartals e Paramahamsa Maharaj com o megafone e o Templo de Guru Maharaj estava tomado de devotos que depois de 12 horas de parikrama (naquele dia e outras tantas nos três dias anteriores) ainda estavam cantando e dançando energizados com o festival que estava apenas por começar.

E isso aconteceu com cada um dos grupos que vinha chegando separadamente. Então a cada 30 minutos, uma hora, uma nova festa acontecia no Templo. Do ladies ashram, onde eu estava ouvia-se as aulas e kirtans que iam até depois das 11 horas da noite e começavam antes das 4 horas da manhã.

No dia seguinte, 11 de março, era dia de festival. Dia de fazer a decoração com folhas de manga em todo Templo. Dia de colocar bandeirinhas, flores em guirlandas e mandalas, dia em que recebemos várias aulas e, claro, dia de jejum total.

Certamente que o cuidado com os Vaisnavas e a flexibilidade da nossa missão transcendem essa austeridade e muitos devotos que estavam ocupados em serviço beberam água, sucos e frutas.

Eu tentei seguir no jejum total, afinal não é todo dia que se  está em Nabadwip no dia de Gaura Purnima e pensar na história e na misericórdia de Mahaprabhu deixam o fato tão mais leve.

Mas o ponto é que o corpo é canalha. Logo pela manhã acordei com fome de barriga roncar e super disposta a fazer o Maximo de seva possível. Você pára para pensar e fala: “meu, como vou encarar esse dia assim?” Dia quente, abafado e com o cansaço acumulado dos dias anteriores.

Soube que desde cedo Sripad Acharya Maharaj estava dando iniciação a mais de 100 pessoas (!!!!!!!!!!!!!!!) eles passaram a manhã fazendo isso! Precisou da ajuda de outros maharajs para poder rezar em todas as japas! Muito inacreditável.

Nem bem eram 8h da manhã o dia já teve um pico de estresse com devoto desmaiado tendo que ir para o hospital porque tomou mais remédio do que deveria. Sripad Trivikram Maharaj e Partha Sarathi Prabhu foram convocados para fazer a vez de médicos de ambulância e levá-lo ao general hospital de Nabadwip. O detalhe é que tudo na índia é incrivelmente mais difícil.

O devoto  que estava, por assim dizer, um tanto quanto acima do peso, estava dormindo no quarto andar do prédio desmaiado. Foram necessários 4 homens para descê-lo. Ajudei a achar um riksaw de carga (eles tentaram colocar num de duas pessoas, mas ia ser uma missão realmente impossível segurá-lo naquele riksaw a caminho do hospital) e munido com o meu celular o nosso maharaj foi socorrer o garoto.

É... e o dia estava só começando. Procurei a Chandra DD, coitada, ela estava dormindo no quarto da Ragamayi DD numa soneca reparadora de quinze minutos... tão cansadinha de tanto seva.  Conversei um pouco com todas e estavam super maus, gripadas.

Os parikramas têm esse efeito nos devotos. Muita poeira e germes , junto ao calor, aos panos molhados que colocamos na cabeça – choques térmicos de quando nos refrescamos nos rios geralmente findam em gripe. Todos estavam tão doentes, inclusive vários bengalis (indianos da região da Bengala onde estamos).

A minha sensação é que nesse momento eu peguei a gripe. Porque 40 minutos depois já comecei a sentir a minha garganta arder – e a minha garganta fica mau meteoricamente.

Junto a Anukrsna (fofa) começamos a organizar o espaço que ia ser a aula para os ocidentais às 11 da manhã. A Chandra já havia limpado o piso, Anukrsna limpou teto e paredes e junto com meninos trouxemos carpetes, bandeira do Math, cadeiras e água para os sanyasis.

Mas sendo honesta tudo com emoção e algum grau de dificuldade. Meia hora antes da aula lembramos das guirlandas – minha sina pensei, sempre deixar guirlanda por fazer  em cima da hora. E nem dava para sair do Templo pra comprar afinal era Holi.

Holi é um festival indiano – tipo carnaval – que tal qual confete e serpentina – se lança um pó muuuito colorido sobre as outras pessoas. Porém esse pó impregna na pele na roupa. Para tirar do corpo muitos dias de banho são necessários e para tirar da roupa, só se dizer adeus à roupa porque não sai nunca mais.

Porém essa minha descrição de Holi é superficial, porque nunca vi o festival. Nosso Guru não gosta que os devotos participem por uma questão de segurança. Neste dia - tal qual carnaval – todos bebem muito e os indianos ficam particularmente agressivos neste humor.

Então todos ficam dentro do Templo, que é protegido por seguranças e pelos próprios devotos.

Mas vira e mexe você se depara com um devoto (desavisado ou não) todo colorido de ponta a ponta.

Depois de tentar várias alternativas para as guirlandas, Chandra salvou a pátria achando um local bem próximo ao Templo que vendia. Chaitanya Moyi DD doou o dinheiro e Prapanna Prabhu se aventurou a buscá-las.

A Ashapurna DD me pediu para que tirasse fotos para mandar a Srila Gurudeva (iupi!), mesmo que eu não fosse o super Nimay Chandra Prabhu – fotógrafo oficial cujas fotos você consegue ver neste site:  
http://vaisnavadarshan.com/photos/photos.html<http://vaisnavadarshan.com/photos/photos.html>  – faríamos dois reportes de fotos do dia mostrando apenas o que estava acontecendo.

No fim a aula foi linda e incrível, com todos os sanyasis ocidentais dando aula, inclusive Sripad Trivikram Maharaj – que é muito pop-star com todos os devotos, especialmente venezuelanos – e que estava manchado de rosa porque recebeu um ataque final de pó de holi no caminho de volta do hospital pro Templo. (Em tempo: o devoto que foi para o hospital ficou bem e ia ficar de molho – e castigo – no hospital por 3 dias. Uma pena para ele.)

Enquanto rolava a aula, vários devotos se reuniram em grupos para montar os fios com folhas de manga. Em uma linha de produção alguém limpava as folhas recém-colhidas (cheias de pó e fuligem), outra pessoa amarrava no cordão e um terceiro elemento trocava a água para manter o paninho limpável.

Várias células de trabalho foram montadas e em menos de 40 minutos vários metros de cordão estavam prontos.

Senti uma pontada estranha nas costas, mas na correria nem parei para ver. Era hora de começar a decoração. Ajudei um pouco, mas minha garganta começou a doer super e fui pro quarto - era a minha vez de tentar uma soneca reparadora – e pensar se ia tomar algum remédio (nem tinha muitas opções de remédio). Descansei um pouco e desencanei do remédio, ia tentar seguir no jejum ao máximo possível. Afinal já eram 2h30 da tarde. Língua no céu da boca pra passar a sede – como ensinou Sri Hari Prabhu no Brasil - e voltei para ajudar na decoração que, nesta altura do campeonato já estava mais que esquematizada com a direção da Induleka e vários devotos latinos, além da super Chandra e Prapanna.

Colocamos as bandeirinhas e arrumamos a bagunça, quando vimos já era 4h da tarde e o festival estava começando.

Chandra ainda montou as mandalas de flores aos pés dos templos e me deixou ajudá-la. Voltei a sentir a pontada nas costas e quando vi tinha uma mini taturana dentro da minha roupa (uuuui) ela deve ter vindo de presente junto com as folhas. Mas acho que eu devo ter assustado mais a ela do que ela a mim. Tirei-a com o maior cuidado e seguimos na decoração.

No final, tudo ficou tão lindo, as meninas ainda fizeram flores de lótus e tilakas de EVA e penduraram junto com as folhas de manga. Estava tudo muito bonito e especial.

Guardei o remanescente das bandeirinhas no escritório enquanto ouvia Sripad Acharya Maharaj começando a aula. “Preciso me apressar”, pensei. E vi que estava com a minha Gopidress amarela velha de guerra (conjunto de saia, blusa e véu que imitam um saree). Dia de festivais as devotas se arrumam, colocam sarees novos e bonitos (vestido que é um tecido decorado de cerca de 6 metros de comprimento que se enrola no corpo formando uma saia e um véu). Mas nem tinha trazido nada de especial e toda minha bagagem tinha ficado em Calcuta. Paciência, o mais importante era estar lá.

Estava descendo com cuidado as escadas rumo ao Templo – como vocês bem sabem, eu já sou estabanada de calças, de saia cumprida então receita de desastre - quando ouvi uma voz familiar muito alta no microfone. Parei por um instante para tentar reconhecer e entrei em pânico quando o fiz! Desci correndo as escadas, era Srila Gurudeva falando!!!

Quando cheguei no Nat Mandir LOTADO, olhei ao redor, Srila Gurudeva não estava lá. Sua voz vinha do alto e olhei para cima e vi uma equipe de áudio e conclui que estava falando ao vivo de Calcuta por Skype.

Mas a ligação não estava boa. Subi correndo (na medida do possível)  rumo ao primeiro andar a tempo de vê-los ajustando o Skype e ter o começo da lecture de Srila Gurudeva.

Tirei várias fotos, fiz alguns filmezinhos e quase entrei em pânico quando percebi que não estava entendendo nenhuma palavra que Srila Gurudeva estava dizendo: ai meu deus! Ai percebi que ele estava falando bengali! Ufa!

Depois ele falou em inglês e disse que estava tão contente que todos estavam em Nabadwip para o festival, da importância de Mahaprabhu para a missão e para a nossa vida devocional, do Seu exemplo e da Sua inspiração, que vem de mais de 500 anos.

Ele falou por 15 minutos e foi tão incrível e inconcebível. Sua voz estava forte e eu sentia que vinha do céu e nesse momento meu coração sentiu que ele nunca, nunca vai estar longe de nós de fato.

Com ou sem Skype ele estava lá. Estava na dedicação incrível da Ashapurna DD e Damayanti DD, devotas de Londres que estão na faixa dos 20 anos e que assumiram a responsabilidade de cuidar dos ocidentais – e de forma mais que impressionante honram as vestes de Mahananda Prabhu, um super devoto, mais super no sentido mais elevado da palavra que coordena há muitos e muitos anos – desde a época de Guru Maharaj – os serviços de secretariado e gestão do math em Nabadwip.

Dá pra conceber o poder dessas meninas? Sem mencionar que elas são incrivelmente fofas, humildes, energizadas, mas no extremo. Tive a fortuna de dividir o quarto com elas nesses dias. Sempre que a Damayanti DD entrava para o quarto descansar ela pegava a japa pra rezar ou um livro da missão para ler. Nunca desconecta!

Ela chegava em média às 11h da noite e estava de pé as 3h ou antes, quando o celular tocava. E o celular nunca parava, quando ela comia prasadam, ou ia para um banho. Ela para tudo para atender aos Vaisnavas. Santa total. O mesmo para a Ashapurna DD, que parou a faculdade para ajudar a irmã e está noiva de um devoto nos Estados Unidos. Eles se casam esse ano e ela deve se mudar para lá. Eles estão juntos há anos. Perguntei a ela como é uma relação à distância e ela me respondeu um sincero “very hard” – ai ai!

Comentei que tinha falado com o Felipe/Praphulla no dia anterior com você e ela riu impressionada. Fazia mais de dois meses que não conversava com o namorado. Ainda bem que eu tenho a certeza de que somos espécies diferentes. Ela santa e eu ansiosa. Não sei se conseguiria ficar tanto tempo sem falar com ele e minha família por tanto tempo.

Mas esse é o incrível de estar em um lugar como Nabadwip, você está numa ilha cercada de santos por todos os lados. Todos tão louváveis, tão inspiradores, dedicados, carinhosos. A vergonha de ser você aumenta exponencialmente diariamente.

No entanto não há esperanças! Sou assim, picareta e inoperante e por isso mesmo esse relato do Festival é super egocêntrico. Se fosse uma pessoa minimamente ajustada poderia contar como foram incríveis as aulas, os kirtans (cantos de mantra) sem fim, com tanta gente! Da noite chegando e os devotos acendendo velas ao redor da Tulasi (planta sagrada) e dos milhões de luzes e desenhos luminosos que decoravam todo o Math.  Do olhar de devoção que contemplava cada devoto que encontrei, bengalis, ocidentais, crianças e senhoras.

Das mridangas e kartals que davam o ritmo do pulsar do coração de todos e do cantar do nome de Gauranga. Das milhares, milhares mesmo, de vozes em um espaço tão pequeno como o grandioso Math de Srila Guru Maharaj e Srila Gurudeva. Olhei para a varanda de GuruMaharaj com um nó na garganta. Saber que ele estava lá conosco naquele dia e em tantos outros me fez agradecer de verdade pela primeira vez pela oportunidade de estar lá em Gaura Purnima.

De volta ao seva, fui ao escritório com a Asha e Damayanti baixar as fotos para mandar a Srila Gurudeva e sai para fotografar a segunda leva. Fui ao telhado do Guest House para uma tomada geral e vi a lua de Gauranga nascendo. Um ponto rubro no céu, ainda pequeno, mas definitivamente nada discreta. Parece que ela sim não tinha esquecido da sua ‘roupa’ especial em dia de Festival.

Tirei algumas fotos ruins, minha câmera não conseguia capturar com qualidade esse aparecimento e então percebi que a bateria estava por um triz. Duas fotos depois fui ao quarto tentar baixar as fotos e dar alguma carga na bateria. Em vão. Meu carregador queimou e não conseguir concluir meu seva. Mega chateada, sentei na cama. Respirei fundo. Nada estava perdido, afinal câmera era o que não faltava em pleno festival.

Tomei um gole de água. Na verdade, o meu primeiro gole de água no dia, que passou tão agitado tornando o jejum total em uma leve conseqüência. Peguei algumas uvas para quebrar de vez o jejum e saí para falar com a Ashapurna DD  no escritório. Pedimos a ajuda da Kamala DD para concluir as fotos, e ela aceitou o seva super contente com a sua máquina profissional.

Alias, para você ter idéia de quem é a Kamala, basta ouvir a descrição que a Chandra me fez: “Ela é minha heroína” (e isso  pra mim significa muita coisa). Ela fica numa ponte-aerea India/Venezuela. Trabalha para fazer dinheiro para cuidar das vacas na gosala de Nabadwip. Mas cuidar no sentido barra pesada, ela carrega bezerro, derruba vaca pra dar remédio se precisa. Super forte e valente. Já discutiu com Acharya Maharaj para garantir a saúde das vacas na goshala. E ainda assim é super afetuosa com todos, que tem muito carinho por ela.

Peguei uma carona com a Vaidehi DD que iria filmar do telhado do escritório para mostrar um ângulo diferenciado. Foi absolutamente louco! Por que pude observar os templos e também o Govinda-kund - um lago sagrado que fica do outro lado da rua, dentro dele tem um templo, a que o monge vai diariamente de barquinho para fazer as oferendas à deidade.

As calçadas laterais que circundam o lago funcionavam como arquibancadas já estavam TOMADAS por devotos e bengalis. Mas preciso parar para dar a dimensão do conceito tomada: “mais cheio que show de Ivete Sangalo em Salvador, final de campeonato Corinthians e Flamengo ou 25 de março perto da época de Natal. Lotado no último”.

A noite já havia tomado o céu, o Govinda-kund refletia as placas de luzes que decoravam ao seu redor e as belas luzes do Templo de Giriraj e do Guest House. Tudo estava tão indescritivelmente lindo que realmente não dava para dizer que aquilo era algo deste mundo.

Com um estouro voltei à realidade! A queima de fogos de artifício havia começado. Essa era sem dúvida uma das atrações que tinha atraído tantos bengalis, que continuavam a se amontoar para a melhor visão. Porém, o estouro seguinte realmente me deixou preocupada. Parte dos fogos estava caindo em cima de uma ala dos indianos. Mas ao contrário do que eu havia previsto eles não saiam do lugar. Firmes e fortes batiam palmas a cada fogo mais excepcional.
Tomei coragem e decidi ir para lá. Confesso que foi uma experiência difícil. Nem havia pensado em pedir ajuda de um menino e companhia. Quando cheguei a um portão um bengali me falava para não entrar por la. Estava mega lotado e ele dava de frente para o Templo.

Dei a volta para entrar pelo portão principal e tentar chegar no Guest House, onde ficam os ocidentais. Porém o portão principal estava lotado. Muitos bengalis se divertiam brincando de empurra-empurra não deixando ninguém entrar. Eles ainda tinham cheiro de bebida do dia de Holi. Então fiz a minha melhor cara de brava e segui gritando e abrindo caminho.

Mas isso não me isentou de levar vários beliscões no bumbum, você acredita? Gritei brava com eles e depois de algum sufoco consegui chegar ao portão do Guest House, onde dois guardas cuidavam da porta e discutiam com Bengalis que queriam entrar.

Entrei finalmente e consegui respirar aliviada. Só havia 200 ocidentais no prédio de 4 andares, que comparado com o resto do math estava vazio.
Encontrei a Chandra, ela também me disse que levou uns beliscões, mas que em contrapartida nocauteou um bengali – hahahah. Essa é uma menina muito forte! Não é a toa que continua a impressionar a todos com suas realizações no auge dos seus 16 anos.

Subimos para o telhado para ver, já completamente imersa em lágrimas, a lua de Gauranga. Tão gigante e literalmente dourada - não amarelada – dourada mesmo reinando absoluta no céu, cujas estrelas também começavam a despontar.

Eu fiquei sem palavras, completamente, sem palavras e sem fôlego. Tudo o que queria era deitar e ficar admirando o espetáculo que acontecia no céu. Mas outro estampido rompeu com o encantamento. Fogos de muitas cores invadiam o azul petróleo da noite. Como prometido, pensei em todas as pessoas queridas da minha vida, na minha família Bortoletto-Maman-Bindo, nos devotos do Brasil, nos amigos de SBC, da Cásper, amigos com quem trabalhei, estudei, me diverti. Fechei os olhos, pedi por um segundo para que todos pudessem sentir a felicidade que senti naquele momento, satisfação e alegrias transbordantes como aquela fizessem parte de suas vidas. Pedi para estar junto de pessoas queridas.

Abri meus olhos. E então muitos estavam lá: Sripad Trivikram Maharaj, Partha Sarathi, Braja Kumar Pabhu (os três mosqueteiros), Ragamoyi DD, Rajiv Prabhu, Chaitanya Moyi DD, Chandra DD, Prapanna Prabhu, Ashapurna DD, Bimal Krsna Prabhu, Induleka DD e tantos outros.

Foi uma festa. Todos trocando histórias de como foi o dia de cada um e maravilhados com o festival.

Dentre os fogos lançados havia um tipo que soltava um tipo de lanterninhas de balão – vou tentar explicar: sabe o pessoal que solta balão com lanterninhas na rabiola que vão subindo? Os fogos faziam o oposto: soltavam uma rabiola com lanterninhas que iam descendo. Como estávamos no telhado conseguíamos ver de perto elas caindo com um mini-paraquedas, super bonitinho.

Num desses estampidos caíram as cápsulas que envolviam os fogos BVTrivikram Maharaj pegou uma e Prapanna outra e começaram a discutir sobre o que os materiais eram feitos.

Maharaj afirmava que eram de papel e Prapanna que eram de coco e estavam discutindo. Coloquei minha lanterna que vem no meu celular para iluminar a questão e o fato era que o Maharaj segurava uma de papel e Prapanna uma de coco!

Depois de várias sessões de fogos fomos para prasadam – a comidinha – com direito a frutas, subjis de legumes e docinhos.

O festival seguiu noite a fora. As canções não pararam. No dia seguinte foi servida uma mega prasadam, mas ai a gripe já havia me dominado e fiquei descansando no quarto, onde me levaram um pouco de comidinhas.

Sai apenas para fazer uns sevas lights no escritório, até porque sabia que ia ficar uma semana mais pelo menos. Então estava tentando sarar.

Porém no final do dia recebi uma ligação para voltar a Calcuta, já que muita gente estava retornando e precisavam de ajuda para cuidar de todos.

Foi tão triste deixar Nabadwip e a companhia das minhas amigas e irmãs. Da minha baby Chandra e das queridas Asha e Damayanti, sem falar nos brasileiros, da Chaitanya Moyi que cuidou de mim dando própolis e devotos incríveis do mundo todo. Como estava gripada nem entrei no Ganges... tanta coisa que ainda queria ter feito. Mas havia conseguido uma carona de última hora e parti, sabendo que iria rever a todos, mas já com uma incrível saudades de casa!
Beijos estasiados, Ananda Moyi DD






















Estou na Índia há 4 meses. Participei de toda a programação, de todo Parikrama e de Goura Purnima. Agora todos se foram e Navadwip ficou vazia com apenas alguns ocidentais que moram por aqui ou que vão ficar por mais uns meses ou dias, quem sabe. Estou no mesmo andar de Acharya Maharaj. Ele me deu um quarto  aqui, ao lado do dele. 
Outro dia fomos para Ekachakra, a cidade de nascimento de Sri Nityananda Prabhu e também onde os Pandavas passaram algum tempo escondidos e disfarçados de Brâmanes, junto com Kunti Devi. Ali eles apresentaram Draupadi, depois de conquistá-la em uma cerimônia de Swayamvara. Ali naquele mesmo lugar, Kunti Devi pediu para que os Pandavas dividissem o que eles haviam coletado e, para a surpresa dela, eles haviam coletado uma garota maravilhosa chamada Draupadi, filha do rei Drupada. Porque Kunti nunca havia faltado com sua palavra, a forma que eles encontraram para harmonizar foi aceitando casar os cinco príncipes Pandavas com Draupadi. 
Está claro que esse tipo de relação é muito rara e no caso desses príncipes só foi possível por não haver uma mácula sequer de inveja por parte deles e por ela ser uma pessoa de caráter perfeito. 
Ali também Sri Nityananda Prabhu manifestou seus passatempos maravilhosos. Pude conhecer o local onde Ele apareceu e o lago em que ele tomou seu primeiro banho. Coletei um pouco d'água para levar para meus amigos e poder respingar um pouco dessa água sagrada em suas cabeças, para que todos possam ter a misericórdia de Sri Nityananda Prabhu.
Pela graça Dele podemos alcançar a maior de todas as bênçãos e entrar nos passatempos de Mahaprabhu. Sri Nityananda Prabhu é nosso único refugio. É dito que Ele não considera quem é qualificado e quem não é. Quem Ele encontra, Ele imediatamente distribui a misericórdia de Mahaprabhu. Ele vive glorificando os nomes de Gauranga. 
Hoje estava pensando que, sem esse tipo de misericórdia, como eu poderia ter sobrevivido por tanto tempo na consciência de Krishna. Sinto que estou sendo forçado a continuar pela graça de Gurudeva, que é uma manifestação de Sri Nityananda Prabhu. 
Os testes em minha vida tem sido pesados. Há 6 anos aceitei a ordem de vida de sannyasi (monge renunciado). Muitas vezes, penso como é possível que uma pessoa como eu, totalmente despreparada, sem nenhum juízo e com um samskar completamente brasileiro possa aceitar uma tarefa dessas. Sinto que sou um boneco morto, afogado completamente no oceano de matéria e, às vezes, consegue respirar, para depois ser afogado outra vez. Isso tudo se dá pelo meu fascínio pelo inferno e pela vida infernal. Nunca tive gosto por espiritualidade, por participar em algo religioso, mas pela graça de meu Guru estou sempre metido em meio às coisas religiosas e cercado por espiritualistas. É como se houvessem me colocado em uma corrida dos 100 metros junto com todos os campões mundiais e eu um Mané que nem sabe andar direito está ali para correr também e com um público imenso. Vestir-me de sannyasi é como arrumar um espetáculo para que todos vejam como sou de verdade. Pior ainda quando te colocam ao lado de grandes personalidades. 
Aqui no Dhama sagrado, quando vejo tanta gente maravilhosa e realmente humana posso ver como estou distante de algo razoável. É como se eu estivesse hipnotizado por Gurudeva e sigo o movimento de tudo e participo de tudo e algumas vezes até falo para os outros sobre minha assim-chamada realização. É uma piada. Que tipo de realização posso ter eu? Apenas a realização de que o inferno é quente e ácido e o sofrimento é monstruoso. 
Voltando de uma dessas viagens de peregrinação, veio à minha mente como nossos países ocidentais são carentes de algo substancial, de felicidade espiritual, de doçura e de um conforto de uma espiritualidade verdadeira. Sinto que estou coletando algo por aqui. Coleto impressões e sentimentos que acredito me acompanharão para sempre em minha jornada eterna. Comecei a me sentir na obrigação de tentar compartilhar o que estou coletando por aqui com meus amigos. Tive o desejo de gritar bem alto e para todos que existe uma forma de viver maravilhosa, que existe um conceito existencial que nos eleva e que definitivamente pode nos tirar desse oceano de lamentações que é o oceano de matéria, o assim chamado vale de lágrimas. Temos que persistir em nossa jornada, sem deixar que nada nos abale. Temos que passar por cima de toda a infâmia que nos tocar. 
Digo isso porque vivo há um ano na infâmia e isso dói e nos faz querer desistir de tudo e viver anonimamente. Todos os testes devem ser superados sendo que o motivo é nosso sentimento por algo superior. Em prol da felicidade de todos, da nossa própria felicidade, temos que seguir adiante. Não podemos deixar que coisas menores nos ponham para baixo. Infelizmente, minha mentalidade infernal está sempre absorta no mundano e no que me joga para baixo. 
Amigos, inimigos, fama, infâmia e tudo o que pertence a esse mundo deve ser deixado para segundo plano e temos que nos fixar em nossa proposta, seriamente, com afinco, tenacidade, perseverança e tudo o que for favorável à nossa inspiração. Não podemos deixar que nosso auto-interesse seja destruído por valores menores e provincianos. Essa está sendo minha luta e tenho quase sempre perdido. Não lembro de haver ganho sequer uma batalha, mas existe algo em mim, uma voz interna que me diz para que eu continue, que ficará cada vez melhor, que um dia serei forte o suficiente para  manter minha vida espiritual e que tudo será cada vez mais doce. Esse é o desafio, nunca desistir, mesmo em meio ao caos. Meu alento e refúgio é que isso é real e que um dia sairei vencedor pela graça de Gurudeva.
Espero que o que escrevi seja útil e que alguém tire proveito da minha pequena experiência.
Meus dandavat pranams.




















Mensagem da Índia -
B.V. Trivikram Maharaj






Por favor aceitem meus dandavat pranams,

Após um ano que passou de muitas possibilidades de amadurecimento, resolvi que seria legal manifestar pensamentos e aprendizados que tive a chance de ter no ano de 2008. Estamos em uma missão e queremos que essa missão siga em frente e progrida da melhor maneira para a satisfação de Srila Gurudeva e naturalmente de todo nosso Guruvarga. Sabemos que estamos enfrentando os obstáculos naturais de serviço.
Quando fazemos algo nesse mundo não conseguimos evitar as falhas, pois como diz Krishna no Bhagavad-gita, toda ação vem seguida de alguma falha, pois não existe trabalho perfeito nesse mundo e sempre estamos sujeitos a cometer erros e a falhar.
O que posso entender de tudo isso é que é impossível perfeição em nossas ações nesse ambiente ilusório. Ninguém pode viver só no acerto, pois tudo nesse mundo é cíclico. Mas podemos de alguma maneira utilizar da ciência espiritual de nossos mestres e prosseguir com nossa vida de dedicação ao centro de uma maneira saudável. Basta pormos em prática o que Gurudeva tem nos ensinado.
Percebo que todo caos em minha vida vem por falta de humildade, de tolerância e de oferecer honra apropriadamente aos outros. Deveríamos analisar qual é a extensão e a profundidade desses três prerequisitos da espiritualidade verdadeira. Sim, prerequisitos. Ou seja, não há avanço espiritual sem essas qualidades e nosso avanço será de acordo ao que nós conseguirmos de desenvolvimento nesses três prerequisitos. E o mais interessante: eles não tem limites para serem praticados. Não é como um curso onde você faz uma matéria que é um prerequisito e depois pode usá-la ou não quando formado. Essas são matérias que são usadas no começo, meio e fim. O momento em que deixamos de ser humildes, tolerantes e de oferecer honra para todos é o momento em que nos desconectamos da linha verdadeira da espiritualidade, da linha de Sri Chaitanya Mahaprabhu.
A nossa ciência espiritual é seguir o que Gurudeva nos ensina em humildade, tolerância e oferecendo honra aos demais, ao extremo. Certa oportunidade, perguntei para Gurudeva se havia um ponto em que devíamos reagir e Ele disse que não, que era uma condição sem limites. Claro que vamos falhar, mas não deveríamos deixar de considerar esses pontos, pois eles são vitais para a conservação da nossa fé. De outra maneira nossa fé vai por água abaixo e perderemos o gosto pelo progresso em nossa espiritualidade, porque ao final das contas, quando fazemos o balanço do dia, quando conseguimos ser realmente humildes, tolerantes e oferecer honra a todos (e não pela lei, mas com afeto, como diz Gurudeva) podemos ter a certeza que estamos nos tornando mais e mais queridos para Gurudeva e com isso cada vez menos o ambiente ilusório vai nos perturbar, até o ponto de nos deixar em paz para sempre. Não existe outro processo de espiritualidade.
Nossa missão no Brasil tem vários centros. Um não depende do outro. Queremos uma missão unida. São como pérolas e queremos oferecer essas pérolas para Gurudeva, mas no formato de uma linda jóia, um lindo colar e necessitamos deste cordão para passar nas pérolas e uni-las e só posso chegar à conclusão de que este cordão tem que ser feito de um material completamente resistente. Quanto mais resistente esse cordão, mais fácil será manter essa jóia de oferenda para Gurudeva sem arrebentar e para que ele seja resistente só pode ser feito de um material que é definido como humildade, tolerância e oferecer honra a todos e tudo isso com afeto.
Podemos memorizar todo o Bhagavad-gita, todas as escrituras, fazer todos os tipos de penitência, obter qualquer posição elevada nesse mundo, pregar em grande estilo, mas se nossas atividades não estiverem decoradas e alicerçadas nessas três premissas, elas serão como castelos de areia na beira do mar com ondas. O valor de nossas atividades pessoais e comunitárias será medido de acordo à nossa capacidade de nos render e praticar isso.
Se conseguirmos diligentemente analisar quão profundamente é necessário praticar esse ensinamento, então teremos a chance de permanecer em consciência de Krishna para sempre, servindo de uma forma saudável e progredindo. De outra maneira, mesmo que a gente permaneça por perto das atividades devocionais, será igual a estar remando em um barco, pensando que estamos progredindo, mas estaremos amarrados à margem e nosso barco não estará saindo do lugar. Nunca chegaremos do outro lado. Por isso soltem as amarras de seus barcos, praticando o que Gurudeva nos pede e vamos juntos progredir rumo ao infinito. Se nossa missão praticar isso com seriedade e profundidade, será naturalmente uma missão gloriosa e as pessoas encontrarão um conforto real ao se abrigarem ali. Todos se sentirão abrigados. Todos sentirão o conforto do lar, pois será uma missão verdadeiramente espiritual.
Por outro lado, se não formos capazes disso, então a missão será apenas um show feito à medida da capacidade de cada um, sem nenhum teor ou com muito pouco teor espiritual.
Peço a todos que me ajudem a pensar melhor para nossas vidas e missão, que cuidem com carinho diário dessas três praticas e que tratem as pessoas com zelo. Estamos pregando e temos o dever de nutrir apropriadamente quem chega, quem está disposto a se dedicar a Gurudeva e quem já está se dedicando. É para isso que existe um ashram. Para que pessoas interessadas possam ter refugio do sol escaldante do mundo material e que possam entregar sua energia em serviço divino.
Espero que a leitura dessa mensagem seja relevante para todos.
Sinceramente,
B.V. Trivikrama
B. V. Trivikrama




























A Incrível Natureza do Servir

Shivanandini Didi

A minhas amigas mulheres.
Ando pensando sobre a incrível natureza de servir da alma e resolvi escrever um relato do que tenho procurado dizer às minhas amigas.
Concluí que nós, mulheres, somos superservas por excelência. Em geral, temos fixação em servir e ai de quem queira tirar nosso posto!
Estes dias falei com uma senhora de uns 50 anos que estava triste pois seus filhos estão aprendendo a ir ao supermercado e fazer sua comida e ela estava triste pois eles não a “deixavam mais” servi-los.
Outra brigava com todos em casa. Limpeza, comida, roupas, louça etc... era tudo com ela. Estava exausta mas tinha que ser ela. Ela se defendia: “Eles não sabem fazer direito...”
Então, servimos em casa, servimos na escola, servimos nossos namorados e maridos, servimos a empresa em que trabalhamos, servimos nossos pais, servimos nossos filhos, servimos nossos netos... e, quando menos esperamos, estamos velhas demais para servir ao que é eterno.
E o que é eterno?
Sri Krishna nos diz no Bhagavad-Gita : “A alma é eterna —imortal...”
Mas como vamos nos dedicar à alma se só pensamos no corpo?  Ficamos superpreocupadas se estamos engordando ou emagrecendo, se estamos com a pele, os cabelos, as roupas, as unhas.........socorro!!! Quanta preocupação inútil! Nós estamos iludidas!!!
Temos que aprender a arte de nos dedicar ao Eterno, precisamos dar um tempo no nosso dia-a-dia e, ao invés de somente alimentarmos nosso corpo, alimentaremos também a nossa alma e essa será a melhor parte do nosso dia.
Sim, a alma é eterna e vai nos acompanhar no fim dos nossos dias neste mundo, mas o corpo, o marido, os filhos, a empresa, o dinheiro, a casa, o carro... nada disso poderemos levar. Mas ficamos aqui, como loucas, buscando aquilo que não vamos levar... Nossa!
Estamos realmente perdendo tempo... horas e horas ao dia, toda nossa energia, toda ela dedicada ao mundo material, à conquista de bens, de fama, de beleza, de poder, de dinheiro, de um bom, bonito e rico marido... quanto tempo desperdiçamos nesta rara oportunidade de termos um corpo humano!
Vamos acordar. Nós somos a alma e não somos este corpo e a minha alegria não depende de dinheiro, marido ou beleza. Isso é ilusão, vamos acordar, precisamos acordar. Daqui a pouco estaremos velhas e veremos que o que buscamos a vida inteira não nos trouxe a real felicidade que esperávamos obter.
Vamos buscar a associação dos santos Vaishnavas (devotos de Krishna). Eles tem o poder de destruir a nossa ilusão e nos levar para o mundo eterno,  o mundo do serviço ao Centro, pois, servindo ao Centro, tudo é naturalmente servido.
Vamos usar um tanto pelo menos de nossa usina pessoal de energia —sim, pois as mulheres possuem uma usina de energia incrível—, vamos usar um pouco dessa energia para servir ao Supremo, através da boa guia dos nossos bem-querentes Vaishnavas.
Não importa que seja pouco, mas devemos dar algo que seja para alimentar a nossa alma, que originalmente é eterna, cheia de bem-aventurança e harmonia.
Vamos lá! Mãos à obra. Vamos procurar o centro Vaishnava mais próximo de nossa casa e aprender a servir de forma espiritual.
Assim, servir à família, servir ao trabalho, servir à casa vão fazer parte de nossa lista de afazeres junto com o servir ao Senhor Supremo. Muito bom!!!
Encerro com a citação de Sua Divina Graça Srila Govinda Dev-Goswami Maharaj, a quem me dedico a servir:
“Se ninguém o acompanhar, você deve seguir só, sem levar nem sequer um bastão na mão. É preciso estar estabelecido fixamente em sua posição de serviço. Trata-se de algo muito elevado. Mas preste atenção —lembrando Srila Guru Maharaj, posso humildemente dizer algo que está além de minha jurisdição: ‘Srimati Radharani não consegue tolerar transferir a qualquer outra pessoa Sua partilha de serviço divino exclusivo a Krishna’.
“Penso que é suficiente lembrar disso... Obtivemos este raro corpo humano, esta inteligência e energia e muitas qualificações para servir a Krishna. Por conseguinte, não podemos permitir que nossa mentalidade de serviço seja massacrada em troca de alguma porção deste plano mundano.” (do livro “Reflexões Douradas” de Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj).
Por favor aceitem minhas reverências e contem comigo,
Sua amiga,
Shivanandini dd







































Uma Revolução Copernicista no Teísmo








(É a velha pergunta irrespondível: os Beatles ou os Stones, Jesus ou Jeová, Alá ou Iavé, Vishnu ou Shiva?)

Existe uma pluralidade de concepções teístas orbitando a verdade central e lutando pela supremacia. Os cristãos crêem que a salvação só pode ser alcançada através de Jesus Cristo; os muçulmanos, através de Maomé e os hindus, através da graça de Sri Guru. Cada um oferece uma concepção diferente da divindade com base na realização de seus santos e na autoridade de suas escrituras.
Srila Sridhar Maharaj comenta que: "Conforme a necessidade interior e o anseio pela verdade, a pessoa se conecta a um certo nível de concepção teísta e de associação."
Deus tem inúmeros Avataras que descendem ao mundo conforme o tempo, o lugar e as circunstâncias e a necessidade e a capacidade das pessoas naquele momento. Além disso, a verdade é percebida conforme o temperamento e é modificada conforme a natureza individual –prakrti-vaichitryad.
A tradição religiosa se estabelece sobre esta base –paramparyena. Deus, no sentido mais amplo, é percebido como personificando uma magnitude todoabrangente e infinita. Uma visão mais refinada revela a presença subjacente e onipenetrante da divindade. Esses são os respectivos extremos do Infinito.
Mas, um mergulho interior mais profundo –próximo e pessoal– revela a oniatraente personalidade do Deus Supremo. Não apenas insuperável ou inescapável, mas irresistível.
A concepção Krishna da divindade indica a atração irresistível através do amor e da atratividade rumo ao próprio centro do Infinito –Realidade, o Belo.
Num certo estágio, é admirável reconhecer a pluralidade teísta. Mas, o estágio seguinte na realização progressiva é perceber uma gradação –pesar e medir.
O teólogo John Hick de Maverick escreveu numa carta ao Vaticano que:  “...o teocentrismo pluralista clama por ir além do cristocentrismo.” Trata-se de uma mudança de paradigma, uma revolução Copernicista na qual, ao invés do Cristo ser visto como o centro do universo das fés, todas as religiões, incluindo o cristianismo, são vistas orbitando em torno a Deus, a realidade divina transcendental final.”
Todos os planetas orbitam em torno ao Sol, mas não numa mesma órbita, e os que estão mais próximos possuem qualidades e atmosferas que mais se assemelham ao Sol. Todas as religiões giram em torno ao Absoluto, mas qual deveria ser o padrão básico de julgamento da profundidade de suas respectivas concepções? Reconhecemos a pluralidade das moedas no mundo do dinheiro: dólares, libras, rublos, etc. Todas são dinheiro; todas tem valor. Mas não são todas iguais. Seu valor relativo é estabelecido com base num padrão absoluto. Alguém pode dizer que, "O Todo-Poderoso Dólar é o Supremo." Outra pessoa pode dizer que, "Sua Majestade Real a Libra é Suprema." E ainda outra pessoa pode dizer que, "O Rublo da Mãe Rússia é Supremo –nenhum outro papel moeda é aceito nem reconhecido por aqui". Mas o valor real será medido contra um padrão absoluto, independente do sentimento regional, do preconceito ou da utilidade. Qual então deverá ser o padrão de comparação no mundo do teísmo?
Os Gaudiya Vaishnavas afirmarão que rasa é a unidade monetária do capital espiritual. Rasa, ou intimidade, é o padrão contra o qual medimos o valor relativo de qualquer concepção espiritual.
Para a média das pessoas, o presidente é uma figura maior que a vida, geralmente considerada inabordável. Devido ao distanciamento no relacionamento, as pessoas sentem respeito temeroso e veneração. Mas isso não deve ser mal interpretado como sendo a única expressão possível de sentimentos fervorosos. O presidente também tem um séquito, o qual, devido à proximidade, tem um vislumbre de sua personalidade que vai além de sua identidade presidencial. Seu respeito e reverência são intensificados com afeto. Eles também privam de poder observar sua interação em conversas com amigos e associados íntimos. A amizade íntima até mesmo permite "irreverência", e, ainda que seja ofensiva num estágio inferior, num estágio superior é algo charmoso e afetuoso. E existe uma intimidade que é ainda mais intensa no afeto materno e no amor conjugal. O que é inapropriado em um caso é uma necessidade indispensável no outro. Na medida em que a pessoa evolui espiritualmente, transcendendo a identidade presidencial da divindade, liberta o fluxo natural e expontâneo do coração. Isso e conhecido como bhakti rasa.
    A concepção de rasa foi engendrada por Srila Rupa Goswami no livro Bhakti Rasamrita Sindhu, onde ele apresenta esta ciência da evolução espiritual. 
O hinduismo em geral e o Gaudiya Vaishnavismo em particular necessariamente acomodam crenças religiosas variadas e, por conseguinte, são mais apropriadas para sobreviver à inexorável proliferação da democracia pluralista. Mas devemos lembrar que a salvação de um homem é o inferno para outro. 
Se a "salvação," ou o "céu" não contiverem o potencial de serventia, de uma relação de intimidade com a Personalidade do Supremo, os Vaishnavas consideram-nos indesejáveis.


























HOMENS OCOS

A Necessidade do Serviço Atrai 
a Remuneração


(Artigo publicado na Home Page internacional da Sri Chaitanya Saraswat Math sob título de “Hollow Men”)


“Os verdadeiros seguidores de Rupa Goswami jamais ignoram a qualificação da pessoa (adhikara). Um discípulo infestado com anartha é desqualificado, e nunca deveria receber rasa-shiksa (instrução detalhada a respeito de rasa)." ––Do livro, “Cem Falhas do Sahajiyaismo" por Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur
A verdade se encontra nos detalhes –nas sutilezas. A Verdade Absoluta é realizada dentro de seu ambiente. Pelos cantos de seus olhos de lótus, sua mirada é dirigida à Sua potência (radhikadi gane heri' nayanera kone). Não deveríamos subestimar o Infinito, pois em toda parte existe o Centro, e em nenhum lugar a circunferência.
Sri Guru é a asraya vigraha, aquela personalidade em quem devemos buscar o abrigo para obtermos uma conexão substancial com a realidade e adentrar o Domínio do Serviço Divino. Mahaprabhu alertou Seu parshad bhakta (associado eterno) Jagadananda Pandit a que não se misturasse com o pessoal de Vrindavan mas que ficasse em segurança sob o abrigo de Sanatan Goswami Prabhu (dure rahi’ bhakti kariha sange na rahibo). Oprayojana tattva acharya, Raghunath Das Goswami também aceitou Sanatan Goswami como seu abrigo (sanatanas tam prabhum asrayami) e declarou qual é nossa aspiração e destino final: Radha Dasyam, conforme realizou sob o abrigo dos pés de lótus de Sri Rupa e seguidores (ashabarair amrta sindhu mayi kathancit, radhika-madhavasam). Sanatan Goswami, ainda que reverenciado por Rupa como guru, considerava a si mesmo um rupanuga, um seguidor de Sri Rupa, o líder de todos os servos dos servos (mañjaris) no santuário mais íntimo da Realidade Espiritual (tat priya rupatah).
O mundo espiritual não é um plano da imaginação, assim, não é uma questão do que você sabe ou é capaz de imaginar, mas a quem você conhece, a quem você serve e em que humor (tad-bhava-lipsuna karya vraja-lokanusaratah). Sri Guru é a agência que converte nossa energia de serviço em moeda espiritual —em substância Divina.
Como um "jovem" passeando desacompanhado pela Vrindavan contemporânea (a terra da doçura), acabei exposto a algumas verdades amargas. Certa vez, quando passava pelo Radha Vallabha Mandir, fui atraído pela beleza da Deidade, pelas doces melodias e pelo humor aparentemente devocional dos Radha Ballavis. Era noite, e faziam uma serenata para as Deidades antes de dormir e realizaram um arati breve. Em seguida, um dos mais velhos me convidou a vir participar do mangal arati na manhã seguinte. Expressei minha esperança de que o arati seria mais longo que o que tinha acabado de presenciar. Ele ficou indignado, "Nós não perturbamos nossos deuses com arati!" Eu fiquei pasmo; algo soava errado. Ele condescendeu a me permitir acesso a um segredo esotérico. "Você precisa compreender a posição única dos Brijabasis: Nós não adoramos Krishna, nós apenas temos amor –amor puro– por Krishna."
Refletindo, lembrei ter ouvido Srila Prabhupada citar Mahaprabhu, "Eu não possuo sequer uma gota de amor por Krishna pois, se tivesse, Eu teria morrido há muito tempo (na prema-gandho ’sti darapi me harau)." Quando mencionei esse verso, ele ficou agitado: "Mahaprabhu? Esse é o estágio inicial!" Repentinamente, lamentei ter ouvidos, mente e intelecto para processar o que tinha ouvido.
"Se uma pessoa diz que alcançou esse padrão e que não há mais nada a realizar adiante, oferecemos-lhe nossas reverências de longe. Não somos adoradores disso. Se alguém pensa que chegou ao fim, que alcançou a perfeição nós odiamos isso! Até mesmo umacharya deveria considerar a si mesmo um estudante e não um professor perfeito e que conhece tudo. A pessoa deveria sempre considerar a si mesmo como um estudante autêntico. Viemos para realizar o Infinito e não algo finito. Assim, essa luta entre o conhecimento finito e infinito continuará sempre.
"Deveríamos pensar que, 'O que eu entendi é absoluto'? Não! Nós não chegamos ao fim do conhecimento. Ainda assim, devemos saber. O próprio Brahma diz, 'Eu estou completamente enganado por Seu poder, Mestre. Eu me encontro perdido.'Toda pessoa que entrou em contato com o Infinito não pode deixar de dizer isto: 'Eu sou nada'.  Esse deveria ser o ponto enfatizado.
"O proponente da maior escritura do Gaudiya Vaishnavismo, Krishnadas Kaviraja Goswami diz: purisera kita haite muñi sei laghistha, 'Eu sou mais baixo que um verme no excremento'.  Essa é a sua declaração e ele está dizendo isso com tamanha sinceridade. Será que deveríamos ter vergonha de expressar nosso caráter negativo, nosso desenvolvimento negativo, que formam a verdadeira riqueza para um discípulo? Tal caráter negativo é mostrado por ele ao ponto em que caímos a seus pés. Mas se alguém diz: 'Eu conclui todo o conhecimento; Deus, Chaitanya, é meu discípulo', essa pessoa deve ser derrubada como o maior dos inimigos jamais visto no mundo!" — Srila Sridhar Maharaj
Qual é a minha capacidade e qualificação? Nenhuma: zero e menos que zero. Portanto, eu me submeto às diretrizes e limites de Srila Sridhar Maharaj e de seu Swarup Damodar, Srila Bhakti Sundar Govinda Dev Goswami. Nos dias em que ele viveu neste mundo, a mera discussão de rasa siksha, bhavollasa rati, mañjari bhava, em seu nome, por um iniciado, e este teria sido obrigado a devolver ajapa mala, perderia o nome de iniciação e seria proibido de entrar no terreno do Sri Chaitanya Saraswat Math. Se fosse um sannyasi, seu sannyas teria sido revogado.
Este é um lado de Srila Sridhar Maharaj que os de fora e turistas espirituais desconhecem. Mas o Vaishnava, ainda que suave como uma flor, é forte como um raio (puspa-sama komala, kathina vajra-maya). Não é de surpreender que isso seja suprimido ou ignorado pelos oportunistas. Para intensificar a sua posição, eles falsificam, filtram e constroem um Sridhar Maharaj de sua imaginação para consumo de seus seguidores mal informados.
Alguém diz, como se fosse um fato consumado que: "isto é conhecido como mañjari bhava." A pergunta realmente importante é: "Conhecido por quem?" Aqueles que são qualificados não discutem essas coisas. Aqueles que discutem essas coisas, consequentemente, não são qualificados. Srila Saraswati Thakur condena tal discussão (Prakrta Rasa Shatadushini: "Cem Falhas do Sahajiyaismo"):
                        adhikara avichara rupanuga kore na
                        anartha-anvita dase rasa-siksa deya na


"Os verdadeiros seguidores de Rupa Goswami jamais ignoram a qualificação (adhikara). Um discípulo infestado com anartha é desqualificado, e nunca deveria receber rasa-siksa (instrução detalhada a respeito de rasa)."
Segundo Srila Sridhar Maharaj, um Vaishnava jamais se considerará livre de anartha.
Quanto àqueles que desejam passar por cima das proibições de Srila Sridhar Maharaj, invocando os nomes de outros Irmãos Espirituais, ou do próprio Saraswati Thakur, por favor, considerem cuidadosamente o seguinte:
"Eu sou mais estrito que os outros Irmãos Espirituais. Eu não exibo qualquer Jhulan Yatra (Radha e Krishna brincando num balanço) ou Ratha Yatra no templo. Mas tantos templos fazem isso.
"Nosso Guru Maharaj (Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur) no Kartik mas (no mês de Damodar, o mês de Radharani), enquanto ficava no Radha Kunda e em Vrindavan, cantava o asta kaliya lila(os oito passatempos diários de Radha e Krishna) composto por Bhaktivinod Thakur, mas eu não faço isso.
"Ao invés disso, eu canto a canção de Bhaktivinod Thakur Sri Krishner Vimshottara-Shata-Nama (120 Nomes de Krishna), Sriman Mahaprabhur Shata-Nama (100 Nomes de Mahaprabhu) e também os oito slokas de Mahaprabhu (o Shikshastakam de Bhaktivinod Thakur), o Damodar Astak e o Radhe Jaya Jaya Madhava Dayite de Rupa Goswami.
"Eu me mantenho estritamente confinado no nível inferior, até mesmo daquilo que meu Guru Maharaj deu… (ele permitiu algo que é) um pouquinho superior. Eu sou muito estrito a respeito disso (de não seguir o que ele permitiu)."  — Srila Sridhar Maharaj
Srila Sridhar Maharaj tem um humor particular de devoção. Alguém poderia citar Srila Prabhupada encorajando os devotos, com objetivos de pregação, a indulgir no que foi mencionado acima. Isso está bem para eles, mas não para Sridhar Maharaj e seus seguidores. Você não pode fazer essas coisas e ao mesmo tempo falar em seu nome. Ele tem um humor particular de devoção. Em seu Math, Sri Chaitanya Saraswat Math, Srimati Radharani (Gandharva), oferece uma guirlanda a Krishna (Govindasundar). Ela não está portando uma guirlanda. Certa vez, quando lhe perguntaram a razão disso, Srila Guru Maharaj respondeu: "Quem pode pôr uma guirlanda em Radharani!" Esse é seu humor particular de devoção (bhava). Ele é um seguidor cem por cento fanático de Srimati Radharani (rupanuga).
Além disso, ele se opôs a que o Ratha Yatra fosse realizado em Nabadwip por isso ser contrário à corrente do Dham, dizendo: "Não é uma questão de ser um espetáculo para mostrar ao público …. Gaurasundar tem Sua nitya-lila. E será que eu criarei outra corrente em contra dessa corrente –em oposição a ela– em colisão? Isso não é desejável."
A reação das Gopis ao se enganarem vendo a carruagem de Uddhava (ratha) como se esta anunciasse o retorno de Akrura encontra-se registrado no Bhagavatam: "Ele já despedaçou nossos corações ao levar Krishna embora. Será que voltou para coletar nossas carnes e oferecer oblações fúnebres para seu mestre em Mathura?"
Elas não estão reagindo com excesso de emoção? Afinal, não é Akrura, mas é Uddhava. O paralelo (que faço é que as pessoas dizem que): "É apenas uma carruagem ratha, etc. É para a pregação." Srila Sridhar Maharaj estará reagindo com excesso ou oferecendo um vislumbre no verdadeiro gopi bhava. Esta seção do Bhagavatam aparece no umbral do Bhramara Gita (Canção do Abelhão –A Histeria Divina de Radharani)– que é o domínio conceitual de Srila Sridhar Maharaj. É compreensível que o sukrti (sumedhasah) necessário para apreciar esses sentimentos e aproximar-se reverente  desse umbral exceda o de um neófito. É absurdo que um diretor de funerária queira argumentar com o gopi bhava de Srila Sridhar Maharaj e é uma ofensa aos pés de lótus de Rupa Goswami.
Srila Saraswati Thakur disse a respeito de Srila Sridhar Maharaj: "Bhaktivinod Thakur fala através dele. Quando eu deixar este mundo, ao menos permanecerá um homem que pode representar-me plenamente." Ele chamou Srila Sridhar Maharaj a seu leito de morte, antes de sua partida deste mundo e seu ingresso nos passatempos eternos de Ghandarvika Giridhari (daso yo radhikaya atisaya-dayito nitya lila pravisto).
Assim como Mahaprabhu pediu a Rupa Goswami que lesse seus slokas diante de Seus parshad bhaktas, para que pudessem compreender que Ele o estava escolhendo como Seu representante, Srila Saraswati Thakur pediu que Srila Sridhar Maharaj cantasse Sri Rupa Mañjari Pada, o hino da Rupanuga Sampradaya (rupe milaila sabaya krpa ta' kariya). Igual a Rupa Goswami, Srila Sridhar Maharaj era tímido –e recuou. Kuñja Babu, o gerente da Gaudiya Math, pediu que outro devoto, conhecido como um kirtaniyacantasse. Ele começou, mas foi repentinamente interrompido por Srila Saraswati Thakur: "Eu não estou interessado em ouvir uma doce melodia." Esse devoto era Srila Bhakti Promode Puri Maharaj, quem, humildemente, descreveu o evento: "Então, nós testemunhamos a transmissão de poder místico da Rupanuga Sampradaya de Prabhupada Saraswati Thakur para Srila Sridhar Maharaj. Quando ele começou a cantar, ele teve ingresso no grupo de Rupa Mañjari."
Certa vez, quando Srila Sridhar Maharaj indiretamente reconheceu estes eventos, ele revelou: "Eles dizem que eu fui admitido por Prabhupada Saraswati Thakur, mas eu prefiro pensar que fui deixado como o guardião do portal." Nós perdemos o fôlego, nos curvamos adiante atônitos e fascinados. Srila Guru Maharaj continuou dramaticamente: "E eu não estou permitindo que todos e qualquer um entrem!" Até o presente, a única pessoa que sabemos com certeza que foi admitido é Srila Bhakti Sundar Govinda Dev Goswami Maharaj, o Presidente Sevaite e Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math.
Tal como um parente ou guardião, quando necessário, explica os relacionamentos íntimos entre adultos em linguagem de difícil compreensão, eles declaram inequivocamente as proibições que garantem a segurança. Quando Srila Saraswati Thakur descreve algo mais íntimo, sua linguagem torna-se quase inacessível, exigindo total atenção e sobriedade para se poder compreender. Suas proibições são, por contraste, unidirecionais e sucintas. Em seu "Prakrta Rasa Shatadushini" (Sobre a instrução ilegal de rasa sikshapor assim-chamados rasika Vaishnava gurus a seus discípulos), ele expressa sem dúvidas: "bole na", "habe na", "gaya na", "labhe na", "jane na", "mane na", "haya na", "thake na", "paya na". Nunca diga , nunca faça, nunca pense, nunca obtenha, nunca alcance, nunca ensine, –nunca, nunca, nunca. Qual é a parte dos "nuncas" que as pessoas não compreendem? No presente, o coração é como o ferro na fundição (kaman arhate vid-bhujam). Ao ser infundido com o brilho ígneo da fé, pela associação purificante dos Vaishnavas, e sua misericordiosa martelada “siddhántica”, gradualmente começa a tomar forma.
Em 1983, quando a lua cheia de Gaura Purnima se elevou sobre Nabadwip Dham, no Sri Chaitanya Saraswat Math, apresentei o livro, "A Busca por Sri Krishna: a Realidade o Belo" à Sua Divina Graça Srila Sridhar Maharaj. Ele enfatizou o significado: "Neste mesmo dia, cinquenta anos atrás, nós (seus discípulos) apresentamos a publicação, Sri Krishna Chaitanya, a Srila Saraswati Thakur." Foi o livro que ele encomendou para iniciar sua invasão no fronte ocidental, dizendo: "Civilização ocidental: Esmaguem-na!"
Mostrei a Srila Guru Maharaj cada página, cada subtítulo, cada citação, lendo o que estava impresso. Quando chegamos à foto de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur, li a nota aos pés da foto (composta pelo próprio Srila Sridhar Maharaj): "Ele declarou guerra totalitária contra Maya, contra a concepção errônea, incluindo todas as demais religiões." Quando Srila Sridhar Maharaj ouviu isto, ele ficou radiante: "Se não existisse outra descrição de meu Guru Maharaj além desta, mesmo assim ele estaria plenamente representado." A concepção revolucionária de Srila Saraswati Thakur era que "Kirtan significa uma luta: A concepção Krishna versus a concepção errônea de Maya." Ele dificilmente era um homem cujo credo pudesse ser resumido a que "Será que não podemos todos apenas nos dar relativamente bem?" ou, "Vamos encontrar as bases comuns e construir relacionamentos" (nikhila-bhuvana-maya-chinnavicchinna-karttri).
Lalit Prasad pediu que um de seus discípulos "Encontrasse uma base comum para construir relacionamentos" com os devotos da ISKCON. Antes de visitar o templo de Srila Prabhupada em Calcutá, para demonstrar aos devotos como cantar as canções de Bhaktivinod Thakur, ele procurou a permissão de seu guru. "Eu perguntei a meu preceptor (Lalit Prasad) se deveria entrar e dizer: ‘Se estiverem presentes pessoas jovens...'" Depois de sua apresentação ele iscou os devotos com a pergunta padrão dossahajiyas em referência à linhagem diksha. Quando um dos  "jovens" cometeu um erro grave ele riu, "Oh, ho! Eu não penso que seu gurudeva disse tudo a vocês."
Ele conseguiu pegar um par de devotos que se debatiam, aumentando suas dúvidas, balançando o fascinante mañjari bhavadiante deles. Equivalente à pedofilia espiritual, os sahajiyas seduzem o sadhaka no estágio infantil (namera balai jata, saba lo’ye hoi hata) a que se aproxime prematuramente do domínio do eros espiritual ("Se estiverem presentes pessoas jovens.").
Srila Bhaktivinod Thakur deu uma interpretação alegórica da demônia Putana como representando o "falso guru" aquele que, em nome de oferecer néctar, envenena o bebê (igual aos assim-chamados rasika Vaishnavas e rasa siksha). Quando Lalit Prasad começou a entregar os conceitos corrompidos de mañjari-bhava esiddha deha, Srila Swami Maharaj Prabhupada instruiu seus discípulos ingênuos que se "desconectassem e destruíssem seus cadernos de anotações. Ele, o "Tio Prabhupada" (Lalit Prasad) foi sem cerimônias apagado do panteão da ISKCON. Procurá-lo para ver seu álbum de fotos de Bhaktivinod mal valia o risco associado.
Por falar em manuscritos desaparecidos e brilhantes omissões, o que aconteceu com os "diários secretos de Bhaktivinod Thakur que serão publicados em breve" por Lalit Prasad? Aqueles diários que prometiam "revelar Saraswati Thakur como a reencarnação de Bishkasen, exigindo vingança contra o Thakur tendo retornado como seu filho para destruir a sampradaya?" Lembrem que Bishkasen foi uma "encarnação fajuta de Vishnu" que enganou os aldeões a oferecerem a ele suas filhas para "intercâmbio amoroso –rasa" no estilo dos Radha Kunda babajis (nija bhoga, rasa dagamaga maya). O bhava de Bhaktivinod Thakur, como Magistrado do Distrito, foi de processar e mandar prender. Contudo, outro discípulo de Srila Prabhupada, confundido pelas calúnias de Lalit Prasad a respeito de Srila Saraswati Thakur, comovidamente apresentou as mesmas a Srila Sridhar Maharaj. Surpreendentemente, ele respondeu com uma risada. Preparando-se para contar nos dedos, Srila Guru Maharaj perguntou, "E quais são as semelhanças entre eles? –Não há nenhuma."
Algo sem precedentes? Dificilmente. Madhvacharya tão profundamente dizimou a filosofia Mayavada e as legiões de Mayavadis, que o único recurso deles foi alterar secretamente um texto dos Puranas para deixá-lo com o sentido de que, "Madhvacharya é uma encarnação do demônio Madhu, que retornou para vingar sua morte pelas mãos de Krishna e destruir asampradaya." (Plus ca change, plus c'est la meme chose" –quanto mais a coisa muda, mais continua a mesma").
Agora, o "veneno" é etiquetado como "néctar" para consumo dos desavisados, tendo como alvo o público devocional. Aqueles que fazem plágio dos Babajis de Radha Kunda e reembalam sua prakrta rasa venenosa com o selo de "Aprovado pela Gaudiya Math" comercializam sua doença infecciosa. Que a sociedade (discípulos) de Srila Prabhupada, o ramo internacional da árvore de Chaitanya (premamara-taroh), ficassem infectados com o equivalente espiritual à AIDS por alguém que carrega a bandeira de Srila Saraswati Thakur, acaba sendo uma imitação burlesca e é algo trágico. Assim como a boa associação proporciona imunidade da infecção, a má associação torna a pessoa imune à boa associação (krsna bhakti janma mula haya sadhu sangha).
Como os seios repletos do leite de Putana, os assim-chamadosrasika Vaishnavas aparentam estar dotados de substância nectárea, mas alimentam com veneno aos bebês sadhakas –com rasa kathapoluída (sarpocchistam yatha payah). Putana parecia "muito afetuosa" (ati vama chestitam). A sabedoria popular de Bengal diz que, "muita devoção é sinal de ladrão" (ati bhakti chorer lakshan). Yashoda e Rohini consideraram que Putana rakshasi parecia ser muito amável e nem questionaram seus motivos. Do mesmo modo, igual a um tio pedófilo, que usa os nomes dos parentes para ganhar a confiança das crianças, eles invocam: Rupa, Raghunath, Narottam, Vishwanath, Bhaktivinod, "meu siksha guru Srila Swami Maharaj Prabhupada," pujyapada isto, pujyapada aquilo. Enquanto contemplam sua consideração final: se existem pessoas jovens.
A causa básica da existência material é a identidade equivocada. Quanto mais próximo da realidade, maior significado tem o sutil. Swarup Damodar censurou os trabalhos de Vaishnavas de pouca profundidade impedindo que chegassem aos ouvidos de Mahaprabhu. Gaura Kishor Das Babaji Maharaj podia tolerar o cheiro da latrina mas considerou intolerável o fedor da concepção equivocada. Ele oferece sua crítica: "Hoje em dia, vemos que em nome de ser um rasika Vaishnava, a pessoa escala uma torre (fama devocional) para o estarrecimento de todos, mas em seguida, diante da visão de todos e para seu espanto e desgosto, defeca dessa altura elevada." Contra o que ele está ralhando? Prakrta rasa: devoção falsificada, elevação pretensiosa. Por que isso perturba tanto aos devotos mais elevados? Para obtermos um vislumbre da mentalidade de um Vaishnava verdadeiro, parafraseamos o ditado: "Algumas pessoas consideram a consciência de Krishna como sendo uma questão de vida ou morte –mas é mais importante do que isso."
Contudo, tendo algum reconhecimento superficial das proibições e só tendo realizado serviço superficial aos fundamentos de umbhakti  genérico, mergulham nas profundezas de prakrta rasa, usando Sanatan Siksha ou Prahlad Charit como um trampolim. Na verdade, deveríamos nos prostrar humildemente aos pés de lótus de Sri Guru e inquirirmos dele, vibrando o mantra supremo: "Como posso servir ao senhor?" (karisye vachanam tava, mahiyasam pada-rajo-'bhisekam, asam aho charana-renu-jusam aham syam).
Um discípulo de Srila Saraswati Thakur desejava discutir os detalhes de madhura rasa, Ujjvala Nilamani, etc. Srila Saraswati Thakur recusou. O homem reconheceu que ele entendia que estas coisas não devem ser discutidas publicamente, ou abertamente, e garantiu que a discussão seria sigilosa e realizada na mais alta confidencialidade. Srila Saraswati Thakur recusou. Frustrado, ele saiu da Gaudiya Math e se juntou ao clube de mañjari bhava. Mais tarde, Srila Saraswati Thakur informou a seus discípulos: "Em sua vida real, aquele homem é uma mulher (mañjari swarupa) e, devido à sua conexão com Krishna, ela ficou grávida!"
                            kajjalena kata-kesha-kalima
                            bilva-yugma-rachitonnata-stani
                            pasya gauri kirati drg-añchalam
                            smerayaty aghaharam jaraty asau


Neste particular, neste sloka cômico do Bhakti Rasamrta Sindhu de Rupa Goswami, Radharani é sarcasticamente alertada quanto a uma possível concorrente: "Cuidado com ela! Aquela senhora velha pensa que, tingindo seu cabelo, usando batom e maquiagem e enfiando frutas de "bael" em seu bustiê, isso lhe dará a oportunidade de atrair a Krishna." De modo similar, o sahajiya aspirante calcula equivocadamente, que reordenando a matéria (prakrti) de alguma forma revelará e aumentará seu swarup, tornando-o atraente a Krishna (bhumir apo 'nalo vayuh kham mano buddhir eva ca ahankara). O resultado final: uma caricatura.
Numa das treze variedades de Sahajiyaismo, Bhaktivinod Thakur identificou os Sakhi Bekhi, homens adultos vestidos como meninas adolescentes (sakhis). Não como as meninas no shoping center — mas como Gopis. É  mañjari bhava ou Mañjari Bob? Como Srila Prabhupada diria, "Essas coisas estão acontecendo". Mas Madan Mohan (Krishna, aquele cuja beleza desconcerta Cupido), não é provocado por seios de carne e sangue (nari stana bharana nabhi desam, vaikunthera prthivyadi sakala chinamaya). A beleza sedutora de milhões de cupidos não pode competir com Shobhan Krishna (kandarpa koti kamaniya visesa shobham). Aqueles que são incitados pelo mundano (ou seja, nós) não temos nada que ficar contemplando os passatempos de Krishna com as Vraja Gopis.
É por isso que o progresso espiritual exige uma honestidade brutal consigo mesmo (atma samiksha, adhikara, sve sve'dhikare).Sambandha jñana também significa ver as coisas em perspectiva. Srila Govinda Maharaj disse certa vez que: "Primeiro realize que somos vermes num balde de excremento, depois prossiga (purisera kita haite)." O auto-engano é fatal e a sinceridade é invencível (na hy kalyana krt kascid durgatim tata gacchati). No Chaitanya Shikshamrtam, Srila Bhaktivinod Thakur aconselha aqueles que não estão liberados a confinar os seus estudos aos passatempos infantis de Krishna: a matança dos demônios, Putana, Kaliya, etc. e tal., Brahma vimohan, levantar Govardhan, etc. (pré-Rasa Lila). Dessa posição segura, eles desenvolverão rati (krsnasya arbhakam, govinde labhate ratim). Se alguém se sente isento de seguir esse seu conselho e persegue bhavollasa rati, mañjari bhava, etc., isso é lá com ele. Mas se pretende fazê-lo invocando o nome de Srila Sridhar Maharaj, cairemos em cima deles como um swarup barato.
Srila Govinda Maharaj disse: "Todos sabem que Srila Guru Maharaj  é um homem de Rupa Goswami, então por que ele está sempre tomando o nome de Nityananda Prabhu? 'Dayal Nitai, Dayal Nitai, Dayal Nitai!'" Derrame água na raiz e o fruto virá (heno nitai bine bhai radha krsna paite nai). Incidentalmente, Srila Sridhar Maharaj humildemente se considerava entre os "não liberados", enquanto contemplava onde passaria seus últimos dias neste mundo (Vrindavan, Puri, Nabadwip). Por fim, com um sentimento de humildade profunda, ele caiu aos pés de Nityananda Prabhu na cidade de Eka Chakra, buscando admissão em Nabadwip Dham. No local onde todos os ofensores são perdoados de suas ofensas (aparadha bhanjanera patha), ele estabeleceu o Sri Chaitanya Saraswat Math.
Nós não deveríamos tentar espremer rasa do Santo Nome, da Beleza, das Qualidades ou dos Passatempos de Krishna (atah sri-krsna-namadi, na bhaved grahyam indriyaih). Os seguidores de Sri Rupa aspiram pelo serviço, sem esperar nada em troca. Serviço significa sem remuneração (na sa bhrtyah sa vai vanik, ‘dasa' kori' vetana more deho prema-dhana). Segundo Srila Sridhar Maharaj, os devotos verdadeiros reinvestem seus "juros" acumulados (prema dhana) para aumentar seu "capital de serviço" (prema dhana). Por outro lado, amaldiçoam o êxtase porque os incapacita para o serviço (testemunhe a descrição que Rupa faz de Radharani e Daruka). Parshad bhaktas exaltados até chegam aos extremos de enganar as pessoas para que elas não pensem que eles têm devoção. O exemplo final disso foram os espelhos e a fumaça do narguilé de Pundarika Vidyanidhi. Mas a sua fraude servia para dissimular seu Krishna-prema, que era de fato tão profundo como um oceano (Premanidhi). Depois de tudo, não existe fama maior (‘krsna-bhakta baliya yanhara haya khyati').
Sendo levado num palanquim dourado todo com espelhos laterais para monitorar sua própria beleza, ele se divertia fumando umhookah enquanto entrava em Nabadwip Dham! Até mesmo Gadadhar Pandit se equivocou pensando que se tratava de um materialista. Quando o palanquim parou, Mukunda Datta começou a cantar, "aho baki yam stana-kala-kutam jighamsayapayayad apy asadhvi." A mera lembrança dos "passatempos infantis de Krishna" fez brotar nele o mais doce Krishna prema, e Pundarika caiu do palanquim em êxtase, lamentando, "Quem é mais misericordioso e protetor que Krishna! (kam va dayalum saranam vrajema). A demônia Putana tentou matar Krishna e foi liberada. Com inimigos como Ele quem precisa de amigos!" Reconhecer a devoção não é uma brincadeira de criança, a menos, é claro, que essa criança seja Krishna.
Srila Saraswati Thakur rejeitou os Babajis dos dias modernos, mesmo aqueles de comportamento estrito e caráter impecável, enquanto reverenciou Bamshidas Babaji Maharaj, que fumava tabaco, oferecia chá a seu amado Gaura Nitai (vatsalya rasa) e espalhava escamas de peixes à sua volta para confundir os buscadores espiritualistas superficiais. Srila Saraswati Thakur concluiu o Braja Mandal Parikrama (peregrinação por toda a região de Vrindavan) batendo com as palmas de suas mãos na testa e dizendo: "Eu sou tão desafortunado, pois não pude encontrar um único Vaishnava!" Os devotos então lhe apresentaram o nome de um assim-chamado siddha mahatma, "Mas e o Ramdas Babaji?" Rejeitado. "Ele é um kanistha adhikari (da classe mais baixa)." Isso deixou os discípulos perplexos, inclusive Srila Sridhar Maharaj, quem nessa ocasião fez algumas observações pessoais.
Os assim chamados "estados estáticos" de Ramdas Babaji  com grande facilidade eram seguidos por uma conduta ordinária e externa. Segundo Vrindavan Das Thakur, Mahaprabhu às vezes permanecia num transe por nove horas. Kaviraja Goswami descreve a transição tão gradual da consciência externa para a consciência semi-externa para a consciência interna (tina-dasaya mahaprabhu rahena sarva-kala, ‘antar-dasha', ‘bahya-dasha', ‘ardha-bahya' ara). Por fim, ele descreve Mahaprabhu submerso nas profundezas de Radha Bhava, vinte e quatro horas ao dia pelos últimos doze anos de Sua vida.
Srila Guru Maharaj também observou a inabilidade de Ramdas Babaji de tolerar a glorificação de outro Vaishnava (abhiman, matsarya). Ele nos informa que podemos com facilidade dominar aparentemente a inveja por Krishna, mas o verdadeiro teste será no quanto apreciamos Seus devotos e os devotos de Seus devotos (mad bhaktanam ca ye bhaktas te me bhaktatamah matah).
Srila Sridhar Maharaj concluiu dizendo que: "Por suas práticas, o canto de 300.000 nomes diariamente (tin lakha nama), o estudo de Goswami grantha (literatura), e vaishnava sadachara(comportamento) estrito, Ramdas Babaji estava tentando ascender àquele plano superior: ao plano de onde descendeu meu Guru Maharaj para distribuir prema dhana." Que ele "não conseguira encontrar um único Vaishnava" significa do tipo com os quais ele estava familiarizado: nitya siddha parshad bhaktas, os associados eternamente liberados de Krishna e de Mahaprabhu (gaurangera sange jane nitya siddha kori mane).
Srila Saraswati Thakur lançou certa vez o equivalente conceitual a uma bomba atômica sobre seus discípulos, com a seguinte declaração: "Vrindavan é para pensadores superficiais, homens ocos. Um homem de verdadeiro bhajan prefere ir a Kurukshetra." Eles ficaram chocados. Mais uma vez, ele exigia que re-concebessem o Infinito.
Srila Sridhar Maharaj explica: "O serviço atrai remuneração segundo a intensidade de sua necessidade." Bhaktivinod Thakur, osaragrahi Vaishnava, estabeleceu que a necessidade de serviço de Srimati Radharani  de seu séquito atinge o clímax em Kurukshetra. Depois de cem anos de separação intolerável, Krishna está finalmente diante dela, mas eles não são capazes de se associarem do modo desejado. O coração dela se parte ao ver seu amor da infância vestido como um rei numa atmosfera sem o Yamuna e Govardhan. Ela anseia que Ele abandone essa barulhenta lokaranya Dwaraka e suas regalias reais, e retorne, em gopa vesh (nas vestes de pastor) com Sua canção da flauta, para as margens do Yamuna em Vrindavan (vrindaranya, gayatri-muralistha-kirtana-dhanam radha-padam dhimahi).
Ao se revelar como um residente eterno de Nabadwip, Bhaktivinod Thakur expressa a gaura-lila correlata: "Quando chegará o dia em que Nimai Pandit abandonará as vestes da renúncia e novamente virá para juntar-se a nós em kirtan na casa de Srivas?" Ele conclui dizendo: "Se eu puder render serviço a Ela naquele plano, nesse momento, não será mais o caso de jamais ter de retornar aqui." Devido à gratidão para com o seu grupo de servas, Srimati Radharani retribui dando-lhes sua própria riqueza –mahabhava. Srila Sridhar Maharaj disse: "Logo que a pessoa obtém um gosto dessa substância divina, todos os demais rasas perdem o sabor."
Qual é a natureza inconcebível desta substância nectárea, se apenas uma gota é capaz de afogar o mundo inteiro (eka-bindu jagat dubaya)? A própria opinião de Radharani, como foi expressa no Bhagavatam, é que uma gota da coisa verdadeira é mais do que suficiente (piyusa-viprut-sakrt). Quando é dito que esta substância divina é algo que Brahma, Shiva, Sukadev e até mesmo Uddhava aspiram obter, isso não deve ser considerado sem importância nem já concedido. Gopa Kumar não salta de prapancha, a Terra, para vaikuntha, o Céu (upajiya bade lata ‘brahmanda' bhedi' yaya, ‘viraja', ‘brahma-loka' bhedi' ‘para-vyoma' paya). Por que Srila Sanatan Goswami Prabhu, o sambandha-jñana acharya, utiliza o meio de sakhya rasa para revelar a verdade mais elevada? O caminho é trilhado muito cuidadosa e fielmente, sob a estrita orientação do Guru-Vaishnava (adau sraddha tatah sadhu sangah, durgam pathas tat kavayo vadanti).
Alguns ficam exasperados diante da aparente contradição na postura dos Saraswatas (seguidores de Bhaktisiddhanta Saraswati) e advogam pelo uso da razão e do bom senso: "Todos vocês perderam a razão? Vocês estão dizendo: primeiro cure a doença (hrd rogam), depois tome o remédio! (rasa katha)." Soa algo plausível. Srila Govinda Maharaj diz: "Sim, é a cura, sem dúvidas, mas igual que no remédio homeopático, primeiro precisa ser estabelecido qual é o seu remédio, então, qual a potência e a dose. É também muito crítico identificar-se o quando: em que momento esse remédio dessa potência e com qual dosagem deverá ser ministrado." É por isso que ele se senta ao lado de Srila Sridhar Maharaj (rupanuga dhara) como o Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math.
E mais ainda, a separação (viraha) foi comparada ao sofrimento causado pelos efeitos de uma picada de cobra, para a qual o antídoto é o próprio veneno. Sem os verdadeiros sentimentos de separação de Krishna, tomar o antídoto, rasa katha, causará um desastre (vinasyaty acharan maudhyad, yatharudro 'bdhi-jam visam).
Segundo Srila Govinda Maharaj, a maioria das canções de Narottam Das Thakur estão destinadas às almas liberadas; as outras constituem o Gaudiya Vaishnava gitavali (cânone dos hinos). As canções de Bhaktivinod Thakur são o inverso: são principalmente para as almas não liberadas, em número menor no plano siddha (siddha deha, sakhis, mañjaris, etc.). Narottam canta: "Golokera prema-dhana, hari-nama sankirtana, rati na janmilo kene taya, a riqueza inconcebível do Krishna prema, (a propriedade inestimável nos corações dos Gopas, Gopis, etc.) descendeu de Goloka, Vrindavan, através do harinam sankirtan de Mahaprabhu, mas por que eu sou tão desafortunado de não ter interesse, de não ser profundamente  atraído (rati na)?" Kaviraja Goswami diz que isso é tão elevado e Divino que ele pode apenas indicar a direção. Narottam não possui rati. Prabhodananda não foi tocado por uma gota de gaura-rasa. Mahaprabhu não obteve nem o cheiro da fragrância do Krishna prema. A devoção é medida pelo inverso. Contudo, os ostentosos clamam que podem nadar nela. Penso que podemos sim reconhecer a substância de que estão repletos.
Um homem cantava com sua doce melodiosidade e estilo uma das canções de Narottam Thakur e Bamshidas Babaji Maharaj lamentava: "Se você tivesse algum sentimento por aquilo que Narottam está expressando, seu coração quebraria, e você seria incapaz de cantar uma palavra!" Em seu êxtase (radha bhava dyuti suvalitam), Mahaprabhu não conseguia pronunciar o nome de Jagannath uma única vez (‘jaja gaga' ‘jaja gaga'—gadgada-vacana). Mas nós nos tornaremos lakh-patis, felizes de contarmos nosso caminho de volta ao Supremo.
Quando Srila Saraswati Thakur foi informado por Srila Sridhar Maharaj que um de seus discípulos ficava solitário cantando sessenta e quatro rondas (um lakh, 100.000 nomes) ele escreveu em resposta: "Se você puder ocupá-lo em serviço, você será seu verdadeiro amigo. A mala não deve jejuar (mallika upabash na), deve receber algum alimento. Mas eu não aceito que ficar contando nas contas em reclusão seja krsnanusilanam (favorável para a cultura da consciência de Krishna)." Ele se referiu a esse assim-chamado Krishna-nama como "contar nas contas."
O que é o Krishna-nama chintamani substancial (chetana rasa vigraha, akhila rasera khani)? Quando Mahaprabhu foi trazido de volta de sua inconcebível transformação de êxtase e do transe subsequente pelo Krishna-nama de Swarup Damodar e associados, ele reclamou, "Eu estava naquele plano mais elevado e todos vocês fizeram algum barulho e me trouxeram para cá (tumi-saba kolahala kaila)." O Krishna-nama de Swarup Damodar e dos parshad bhaktas de Mahaprabhu era "barulho" comparado à beleza e doçura do plano que Ele penetrara. Mas a consciência de Krishna  é infinita e dinâmica. Srila Sridhar Maharaj ofereceu uma explicação alternativa, "O poder do Krishna-nama é tal que recebeu preferência à participação direta no lila!"
A consciência de Krishna é o Impossível do Impossível. O Infinito é capturado pelo finito. Srila Sridhar Maharaj nos lembra: "Qual o preço que devemos estar prontos a pagar por isso?" Chandi Das disse que o verdadeiro sahaj, raga bhakti, pode capturar um elefante com uma teia de aranha. Na poesia de Srila Sridhar Maharaj, ele revela: "As qualidades resplendorosas de Gaura Kishor Babaji, como foram contadas por seu servo devoto, Saraswati Thakur, o mais querido de Bhaktivinod (kamalapriyanayanam), criam uma teia que é tão gloriosa que captura Krishna (guna mañjari garima guna hari vasana vayanam).
Em oposição à corrente da devoção (dasanudas, seva), a comercialização da devoção resulta na amplificação do desejo  –Síndrome do Grande Gole. Isso não deve ser confundido com "desejo ardente espiritual" (lalasa, laulyam). Queremos devorar Krishna como uma bolinha doce. Obter em troca algo que valha o dinheiro que pagamos. Receber à vista. Esta equação afirma que, "Aqueles que têm sido devotos por X anos merecem ‘Y' em troca (algo)." Dito de outra forma e com furor: "Queremos algum rasa e o queremos— JÁ!" Onde é que ouvimos tal tipo de raciocínio? Ora, da boca da mãe de Kamsa (Brhad Bhagavatamrta).
Ela ofereceu-se a recompensar generosamente os Vraja-janas (habitantes de Vrindavan) pela ausência de Krishna (que residia em Mathura), levando em consideração "o valor de mercado dos anos de pastoreio das vacas (Govinda)," para não mencionar que, "Por todo seu sofrimento, eles sequer conseguiram comprar um par de sapatos para suas crianças! (Testemunhe a impressão de seus pés de lótus por toda Vrindavan.) Ele estava tão subnutrido que tinha que roubar laticínios (makhan chor), pelo que Ele foi sem piedade amarrado, igual a um ladrão comum (Damodar)." No Brhad Bhagavatamrta, tal contraponto irritadiço faz crescer o progresso delila.
Trinta e cinco anos a mais na manifestação Ocidental do movimento da consciência de Krishna, e eu temo que tal conceito demente, "o que merecemos como recompensa," soe triste e profundamente ingrato.
Nem conseguiremos um vislumbre sequer do Centro do Infinito (aprakrta lila) através do estudo exaustivo das escrituras (vedesu durlabham adurlabham atma-bhaktau). A um dado momento na história, apenas algumas almas realizadas e exaltadas sequer capturam plenamente tal profundidade (vidantas te santah ksiti-virala-harah katipaye). Esse hemisfério superior do mundo espiritual é raramente alcançado por até mesmo os mais exaltados e queridos associados de Krishna e Radharani (yat presthair apy alam asulabham kim punar bhakti-bhajam).
Radha Kunda não é um lago no Estado de Uttar Pradesh, mas é o plano da total rendição e auto-sacrifício. A pessoa que se banha nas águas profundas de atma-nivedanam, sob a orientação estrita dos rupanugas, despertará no plano do serviço a Ela (tat premedam sakrd api sarah snatur aviskaroti). Desde que Nabadwip Dham é Vrindavan (madhurya), enriquecida com o elemento da distribuição magnânima (audarya), Mahaprabhu é Krishna, enriquecido com o Humor Supremo da Devoção de Radharani (radha bhava dyuti suvalitam). A riqueza inconcebível da consciência de Krishna (krsna-chetana, krsna prema) será alcançada no devido tempo, no serviço abnegado aos pés de lótus de Sri Guru e Gauranga (tatha tathotsarpati hrdy akasmad, radha-padambhoja-sudhambu-rasih).
Segundo Srila Sridhar Maharaj, Saraswati Thakur derramou cem galões de sangue para mostrar o que a madhura rasa não é. Por quê? Para deixar claro e sem equívocos o que ela é, desse modo tornando-a acessível (sithilita-vidhi-raga-radhya-radhesa-dhani). Sua essência está personificada no lema: pujala raga patha gaurava bhange, mattala sadhu jana vishaya range, "O caminho de raga marga sempre deverá ser mantido acima de nossas cabeças como adorável, enquanto nos ocupamos com todas as coisas que se relacionam com Seu serviço –pregando neste plano". Sugerir que ele renegou sua missão de vida por ter dito uma vez que os homens em sua missão depois de 20 anos deveriam ouvir algo em geral a respeito de asta kaliya lila, é ridículo e equivocado (vilasatu hrdi nityam bhaktisiddhanta-vani).
Para a Suprema Entidade Krishna, a brisa associada à roupa de Radharani é um tesouro inconcebível (yasyah kadapi vasananchala-khelanottha-dhanyatidhanya-pavanena krtarthamani). Ao realizar a importância de tais sentimentos –as inconcebíveis qualificações dela– Prabhodananda Saraswati (asta sakhi, Tunga Vidya) conclui que a direção em que Srimati Radharani apareceu é adorável e bem próxima (tasyah namo 'stu vrsabhanu bhuvodise 'pi). A devoção é medida pelo inverso: na negatividade (hari pada nakha koti prstha paryanta sima, sthita-dhuli-sadrsam vichintaya). Uma presença atômica naquele plano, sob a proteção dos pés de lótus do asraya vigraha, é mais do que alguém possa sonhar.
Quanto à corrente oposta (bahiranga sakti), àqueles que desejam se arrojar e estabelecer a si mesmos (pratistha) à força, iniciando outros em seu campo da concepção errônea (ku-siddhanta), oferecemos nossos respeitos desde o mais longe que for possível (dandavat durato, bhakativinod).








































Acompanhe sempre as últimas notícias pelo site do Sri Chaitanya Saraswat Math, Navadwip, Índia


Na manhã do Vyasa-Puja 2010 em breve exposição em Inglês diante da assembléia no nat-mandir, Srila Gurudeva Govinda Maharaj declarou publicamente pela primeira vez que ele escolheu Sripad Bhakti Nirmal Acharyya Maharaj como o próximo acharyya do Sri Chaitanya Saraswat Math.








Sripad Bhakti Nirmal Acharyya Maharaj (nas fotos) tem viajado o mundo para conhecer os diversos centros espalhados ao redor do mundo e tem sua vinda programada para o Brasil em Junho de 2010.




A VISITA AO BRASIL

Uma caravana de devotos de todo o Brasil bem como do Paraná e Santa Catarina estará seguindo para Campos do Jordão para prestar as honras devidas, agora, à Sua Divina Graça Srila Bhakti Nirmal Acharya Dev-Goswami Maharaj, o novo sucessor Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math.





Sripad Ashram Maharaj e 
Sua Divina Graça Srila Bhakti Nirmal Acharya Dev-Goswami Maharaj na Malasia.


http://www.scsmath.com/